Verba federal de prevenção de desastres é a menor em 14 anos

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Todo início de ano cidades brasileiras são castigadas pelas fortes chuvas

Lula visita cidade de São Sebastião (SP) em decorrência das enchentes Foto: Ricardo Stuckert/PR

O orçamento do governo federal neste ano para prevenção e recuperação de desastres é o menor dos últimos 14 anos: R$ 1,17 bilhão. Esse dinheiro é usado para evitar tragédias como a do litoral norte de São Paulo, onde as fortes chuvas deixaram mais de 40 mortos e seis cidades em calamidade.

Os valores reservados para a gestão de riscos e desastres vêm caindo nos últimos anos. Em 2013, a cifra chegou a R$ 11,5 bilhões, atualizados pela inflação. Uma cifra dez vezes maior do que a disponível para este ano, segundo levantamento feito pela ONG Contas Abertas. Em 2010, início da série histórica, eram R$ 9,4 bilhões.

– Todo ano sabemos que esse problema vai acontecer, sabemos a época que vai acontecer e até mesmo os locais onde isso vai acontecer, mas acaba se repetindo – afirma o economista Gil Castello Branco, do Contas Abertas.

– Esse filme nós conhecemos bem. Após as tragédias, as autoridades sobrevoam as áreas atingidas e prometem recursos emergenciais, mas no ano seguinte os fatos voltam a se repetir – se queixou.

O próprio Gil Castello Branco é um dos atingidos pelas chuvas. Quando conversou com a reportagem, ele estava com a mulher, filhas e netos em Bertioga. O prédio onde estavam não tinha água, os elevadores pararam e a garagem inundou.

– Estamos tendo de comprar caminhões-pipa. Jamais imaginei que a situação fosse ser dessa dimensão – disse.

AUTORIDADES
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (21), em São Sebastião, que o governo federal vai trabalhar na construção de casas para atender quem perdeu a moradia. Após sobrevoar a região, disse que as pessoas deveriam rezar pelas vítimas e “também pra que não tenha mais chuva”.

Depois, o presidente e seus ministros se reuniram com o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da cidade, Felipe Augusto (PSDB). O presidente destacou em mais de um momento a união entre os governos, cenário que, em sua avaliação, não era visto “há muito tempo”.

No Guarujá, outra das cidades atingidas, a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), afirmou que não faltarão recursos, mas ponderou haver necessidade de realocar verbas futuramente.

HISTÓRICO
Os temporais que atingiram a região se tornaram o maior fenômeno desse tipo na história do Brasil, de acordo com os registros do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). As chuvas que caíram no último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 milímetros em Bertioga e 626 mm em São Sebastião.

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