Transmissão do coronavírus cai em Salvador, mas festas no Carnaval preocupam

Vacinação

Total de testes positivos teve forte desaceleração na Bahia nos últimos dias Total de testes positivos teve forte desaceleração na Bahia nos últimos dias (Marina Silva/CORREIO)

 

A transmissão do novo coronavírus desacelerou em Salvador. O fator RT, que mede a velocidade de disseminação do vírus, registrou o menor percentual desde o início da pandemia, 0,15. O número de casos ativos da doença também caiu. A prefeitura está com receio de que o período do carnaval e as festas que vão ocorrer altere esse cenário para pior, por isso, disse que vai fiscalizar aglomerações e pediu a colaboração da população, mas já estuda desmobilizar leitos e unidades de saúde, em março.

Nesta terça-feira (22), não havia fila na regulação para casos de covid e no dia anterior não houve óbitos pela doença na capital. Uma realidade muito distante do mês passado. As imagens de gripários lotados, com pacientes sentindo dores e com febre, muitas vezes deitados em bancos ou na grama enquanto aguardavam por atendimento, ainda estão recentes na memória dos soteropolitanos.

A queda nos números foi anunciada pelo prefeito Bruno Reis (DEM) durante a entrega de uma escola em Valéria, nesta terça-feira. Ele disse estar otimista de que a situação vai melhorar e que novas medidas de flexibilização podem ser tomadas em breve, mas foi cauteloso em outros aspectos.

“Os números estão caindo. Não temos pacientes aguardando vagas na UTI. As UTIs estão com 49% de ocupação. O fator RT é o menor desde o início da pandemia. Tudo isso sinaliza que o que está acontecendo aqui é o que aconteceu em outros lugares do mundo. Com a Ômicron os números cresceram e depois caíram rapidamente. Muitos países relaxaram as medidas. É hora de fazer isso aqui? Ainda não. Temos um grande desafio que é passar pelo período que seria do carnaval para a partir daí se cogitar que medidas de flexibilização podemos adotar para ir retornando à normalidade”, disse.

Apesar das ponderações, o gestor afirmou que já estuda a desmobilização de leitos e de unidades de saúde para 30 de março. Procurada a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que esse processo será gradativo, como foi feito durante a primeira onda da pandemia, e que a quantidade de leitos e as unidades que serão fechadas primeiro ainda está sendo definidas. Para que isso aconteça tudo dependerá dos próximos dias.

Festas
A semana de carnaval está deixando as autoridades preocupadas. O medo é de que as aglomerações impulsionem novamente a transmissão do vírus e que a quantidade de casos ativos, atualmente 9.268 pacientes, e o fator RT voltem a subir. A prefeitura anunciou que fará uma operação especial nos circuitos Barra/ Ondina e no Centro Histórico para evitar que multidões e concentrem nesses espaços.

“Estamos ampliando nosso efetivo para fiscalização e operações durante o período de carnaval, de sexta-feira (25) até terça-feira (1º), com equipes permanentes nos circuitos oficiais e equipes ampliadas para atender outras áreas da cidade com rondas e apurando denúncias”, disse Bruno Reis.

 Além das aglomerações de rua existem as festas privadas previstas para acontecer no período do carnaval, algumas delas programadas para durar até quatro dias. As praias estarão liberadas e podem ser outro ponto de tumulto. Parte da população também está temerosa. A promotora de vendas Larissa Barbosa, 34 anos, contou que vai passar o fim de semana com a família, na casa dos avós, no Subúrbio, mas que está receosa.

“O que a gente mais quer é voltar a ter uma vida normal, poder se livrar da máscara, frequentar os lugares sem precisar ficar apresentando cartão de vacina e viver sem o medo de pegar uma doença que pode te matar. Não quero voltar para aquela situação que a gente estava até bem pouco tempo, por isso, vou tentar me proteger e proteger meu filho. A população devia fazer o mesmo”, disse.

No final do ano passado, a cidade enfrentou dois surtos ao mesmo tempo, de covid e de influenza, que forçou o poder público a reabrir os gripários do Pau Miúdo, Pirajá/ Santo Inácio e da ilha de Bom Jesus dos Passos. Mesmo juntos com o gripário dos Barris a demanda estava alta, por isso, quatro Unidades de Saúde da Família de Pirajá, IAPI, Itapuã e Imbuí foram transformadas em Unidades de Pronto Atendimento, e mais leitos foram abertos no Hospital Sagrada Família.

Cenário

Em Salvador, 834.794 pessoas estão com alguma das três doses da vacina contra a covid atrasada. Segundo os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), cerca de 182 mil soteropolitanos ainda não compareceram para receber a 2ª dose do imunizante e 91 mil sequer tomaram a 1ª dose.

O número mais alarmante é de atrasados para a 3ª dose, com 18 anos ou mais. São 543.895 pessoas, o que representa a soma da população inteira de Vitória da Conquista e Lauro de Freitas juntas. O operador de telemarketing David Nascimento, 35 anos, está nesse grupo, mas tem uma justificativa.

“Eu poderia ter tomado a 3ª dose, mas demorei. Uma semana depois peguei covid. Estou cumprindo o prazo de intervalo, um mês, para poder voltar a receber a vacina”, disse. Ele garantiu que vai se imunizar.

Estudos comprovaram que o avanço da vacinação ajudou a derrubar os números de internações com casos graves de covid. A taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto, em Salvador, está em 49% e de leitos clínicos em 47%, nesta terça. O número ainda está acima do registrado em o final de agosto e outubro, quando esse percentual alternava entre 25% e 35%, mas é considerado positivo por estar abaixo de 50%. Já os leitos pediátricos estavam com ocupação de 87% (UTI) e 67% (clínico).

Na Bahia, a UTI adulto está em 55% e a enfermaria em 37%. A taxa de ocupação das acomodações pediátricas está em 82% (UTI) e 62% (enfermaria). A Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) informou que foram registrados 3.791 novos casos de covid, nesta terça, com 48 óbitos. Desde que a pandemia começou 28.977  baianos perderam a vida para as complicações provocadas pela covid-19.

Confira os números da vacinação:

  • Cadastrados não vacinados 1ª dose 5 a 11 anos: 80.300 mil

  • Cadastrados não vacinados 1ª dose 12 a 17 anos: 11.046 mil

  • Cadastrados não vacinados 1ª dose 18+: 16.949 mil

  • Atrasados 2ª dose: 182.604 mil

  • Atrasados dose REFORÇO (18+): 543.895 mil

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