Ao contrário do que acontece na maioria dos países, a História do Brasil é muito mais lendária do que real. Começa no suposto descobrimento dos portugueses com suas 3 caravelas, Santa Maria, Pinta e Nina, em busca das “Índias”. Presos em uma longa calmaria, adernaram por vários dias o oceano e acabaram fora de rota, aportando em Porto Seguro. Enfim, conheceram as índias brasileiras e se deram muito bem.
Todavia, alguns meses antes os holandeses já estavam em Pernambuco e o Espanhol Solimões já conhecia a Amazônia e esse fato se comprova pelo próprio nome do Rio Amazonas que vem do estrangeiro com o nome de Solimões.
Esse culto às lendas tem nos acompanhado por todo esse tempo. Aprendemos na escola que as coisas eram assim, mas na realidade foram muito diferentes. A História também tem sua política de conveniência e isso só interessa aos vencedores. Aos derrotados, cabe apenas a lembrança de uma tentativa que não se sustentou. Isso acontece desde que o mundo é mundo.
Na realidade não adotamos os princípios básicos da Mitologia Grega e seus inúmeros deuses. Pois para eles na época, representava a forma de tentarem compreender as coisas da natureza. Todavia, criamos nossos próprios deuses, nos apaixonamos, exaltamos e exultamos. Tão venais quanto imorais e tempestuosos como os deuses dos gregos antigos. Todavia, estes eram imortais.
Os nossos deuses tupiniquins, mesmo mortais, conseguem feitos muito mais poderosos. Abalam o mundo com decisões inusitadas e habitam um Olimpo cujas regalias são inimagináveis para nós, pobres mortais. Estabelecem poderes contraditórios e estão acima da Lei. Deuses togados que investigam, prendem e condenam qualquer desafeto que ouse cruzar seus caminhos.
Por ironia do destino é o “Mito” quem sofre a culpa e o ódio desses falsos deuses, que criam e recriam leis convenientes se autojulgando seres superiores.
Essas são as síndromes de um país que cultua estórias mal contadas. Ambiente propício para falsos heróis e ignóbeis deuses. Mantidos pela ignorância lendária dos seus mais de 500 anos, desde seu controvertido descobrimento.
Guto de Paula
Comentarista e Cientista Político
PS: De Portugal, para explorar as Índias, partiram 13 caravelas. Só 3 chegaram ao Brasil. As 10 restantes não encontramos referência na história, se afundaram, nem como desapareceram.