Salvador registra crescimento de 155% nos casos de covid-19

COVID19
Movimento intenso nessa segunda-feira, no gripário do Pau Miúdo (Foto: Arisson Marinho/ CORREIO)

Menos de cinco meses após ser fechado, o gripário do Pau Miúdo, em Salvador, precisou ser reaberto nessa segunda-feira (11). O motivo foi o aumento na demanda de pacientes com sintomas gripais e de casos confirmados de covid na cidade. De acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), a capital tinha 918 casos ativos, em 11 de junho. Agora, exatamente um mês depois, são 2.341, o que representa aumento de 155% na quantidade de infectados após os festejos juninos.   

O gripário do Pau Miúdo estava fechado desde 28 de fevereiro, quando a demanda de pessoas com covid diminuiu. Na época, as unidades de Pirajá/ Santo Inácio e da ilha de Bom Jesus dos Passos também encerraram as atividades. No entanto, nas primeiras horas de sua reabertura, nesta segunda, 114 pacientes foram atendidos com sintomas gripais.

Os primeiros deles começaram a chegar logo após a abertura e, por volta de meio-dia, cerca de 50 pessoas tinham sido atendidas e outras 100 aguardavam para fazer o teste ou para passar pela consulta. A promotora de vendas Joseane Sena, 45 anos, foi uma delas.

“Trouxe minha filha que está com sintomas de covid. Ela está sentindo febre, dor de cabeça e com o corpo mole. Como a gente não sabe se é virose ou covid, achei melhor trazer e fazer o exame. Soube, ontem [domingo], que iam reabrir o gripário. Achei bom, porque o número de pessoas doentes está aumentando, então, quanto mais atendimento melhor”, contou.

Os pacientes aguardam pela triagem do lado de fora da unidade, em uma área aberta, e por conta do crescimento na demanda foi necessário ampliar o número de cadeiras disponíveis. Atualmente, apenas o gripário dos Barris estava em funcionamento. Por lá, o movimento foi intenso pela manhã e pacientes reclamaram. O servidor público Jorge Luiz Guimarães, 64, desistiu de esperar.

“Estou com sintomas leves, apenas coriza e tosse, que são também sintomas alérgicos. No setor em que trabalho são seis pessoas e duas testaram positivo para covid. Como a gente trabalha com atendimento ao público, achei melhor fazer o teste, mas não tem condições. Todos os pacientes estão juntos, não vou ficar naquele tumulto. Vou procurar uma clínica e tentar fazer no particular”, disse.

Um funcionário explicou que a recomendação é para que as pessoas que fizeram o teste aguardem pelo resultado do lado de fora da unidade, mas que nem todos seguem as orientações. O coordenador de Urgência e Emergência de Salvador, Ivan Paiva, disse que a reabertura do gripário do Pau Miúdo tem por objetivo diminuir a pressão sobre a unidade dos Barris. Ele atribuiu o crescimento no número de casos de covid a quatro fatores.

“Primeiro, o vírus ainda está circulando. Segundo, as pessoas resolveram aglomerar. Os festejos juninos tiveram eventos com até 100 mil pessoas juntas. Terceiro, essas aglomerações aconteceram sem usar dispositivos de proteção, como uma máscara e cuidados com álcool em gel. E por último, uma baixa cobertura vacinal no que tange 3ª e 4ª doses, ou seja, temos um vírus circulando, pessoas muito próximas sem usar proteção e susceptíveis, porque não completaram a vacinação”, explicou.

Ele contou que a prefeitura escolheu reabrir o gripário do Pau Miúdo, porque quando estava ativo ele recebeu mais pacientes que a unidade dos Barris, apesar de ter metade da capacidade. São 12 leitos, sendo dez clínicos e duas salas vermelhas, equipadas com uma estrutura similar a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A equipe é composta por 80 profissionais de saúde, o funcionamento é 24h, todos os dias da semana, e é possível realizar até 300 atendimentos diários. Qualquer pessoa com sintomas de gripe pode procurar a unidade para fazer o teste. Não houve internamentos pela manhã.

Nessa segunda, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) amanheceram com 19 pacientes com covid aguardando por uma transferência para hospitais, sendo duas crianças e 17 adultos. Do total de casos, 15 eram leves e precisavam de um leito clínico. Paiva contou que a prefeitura notou crescimento no número de infectados e que está monitorando a situação. “Caso seja necessário vamos ativar outras unidades de saúde”, disse.

Por enquanto, os gripários de Pirajá/ Santo Inácio, Paripe, Valéria e da ilha de Bom Jesus dos Passos seguem desativados. A unidade do Pau Miúdo fica na área anexa ao Centro de Saúde Maria Conceição Imbassahy, na Rua Marquês de Maricá. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em 2021, ela concentrou 58% do total de atendimentos por síndromes gripais da cidade.

Atrasados 
Segundo as autoridades sanitárias, um dos fatores que levaram à disparada no número de casos de covid em Salvador é a baixa cobertura vacinal.  A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que 669.570 pessoas já poderiam ter tomado a dose de reforço, mas ainda não procuraram os postos. Há também 235 mil soteropolitanos que não tomaram a 2ª dose, e 34 mil que não tomaram sequer a 1ª dose. O secretário Décio Martins fez um pedido.

“Estamos mobilizando novamente o gripário do Pau Miúdo para assegurar o atendimento de urgência e emergência aos pacientes com quadro clínico respiratório. Aliado à implantação, estamos mais uma vez fazendo um apelo para que as pessoas possam aderir à imunização, uma vez que nosso maior objetivo é promover a prevenção”, afirmou.

Entre o público da 4ª dose são 429.428 atrasados. A 4ª dose está disponível para pessoas com 40 anos ou mais, que tomaram a 3ª dose há quatro meses, ou seja, até 13 de março de 2022.

No primeiro dia de funcionamento, o gripário do Pau Miúdo recebeu público variado. Homens e mulheres adultos, jovens e idosos procuraram a unidade com sintomas de gripe. Para o motorista por aplicativo Rafael Alencar, 33, isso é um sinal.

“Estamos todos vulneráveis. Quem pensa que pode deixar de tomar as doses de reforço porque é jovem está enganado. Sem a vacina vamos todos ficar doentes de forma grave”, disse.

A taxa de ocupação da Unidades de Terapia Intensiva (UTI) está em 71%, em Salvador. Entre as acomodações pediátricas o percentual é de 90%. Leitos clínicos apresentam 84% para adultos e 70% para crianças. Desde o início da pandemia, a cidade perdeu 8.274 vidas para complicações geradas pela covid-19.

CORREIO DA BAHIA

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