Rui na ‘ilha da fantasia’: a realidade de Brasília que o ministro de Lula não vê

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Percurso de políticos até o centro do poder é repleto de pessoas vulneráveis, ao contrário de declaração ‘infeliz’ de ministro, que teve de se desculpar

Foto: Ed Alves/CB

Por Gabrriel de Souza

Na sexta-feira, 2, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse em um discurso inflamado na inauguração de um hospital em Itaberaba, no interior baiano, que Brasília é uma “ilha da fantasia” e que os políticos, nos percursos que fazem até chegar à Praça dos Três Poderes, não lidam com “gente pedindo comida e gente desempregada”. “Vocês podem ter certeza. Brasília não vai me mudar, e eu vou lutar com todas as minhas forças para mudar Brasília, e mudar aquele jeito de encarar o que é coisa pública”, afirmou.

Ao longo do percurso que o ministro costuma fazer na capital federal diariamente em carro de vidros blindados e fechados, porém, a realidade é diferente. As margens da N2, uma via a menos de um quilômetro do Palácio do Planalto, onde Costa despacha, são ocupadas por barracas feitas com sacos de lixo e placas pedindo por alimentos e cobertores. Perto dali, na Rodoviária do Plano Piloto, a dois quilômetros do gabinete dele, dezenas de pessoas dormem embaixo dos viadutos.

Final de tarde na avenida L3 Norte. A seis quilômetros do Planalto, Maria das Dores, de 54 anos, prepara o seu jantar com um pequeno amontoado de carvão que guarda em sua barraca improvisada, na calçada, onde vive com a filha. Vagando de um lugar para o outro, ela costuma recriar o seu lar até que os agentes a serviço do Governo do Distrito Federal a obriguem a procurar outro rumo. A ocupação onde Maria das Dores vive é dividida com outras pessoas em situação de rua e fica em um trajeto usual entre os Três Poderes e a Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência.

A sua chegada à ocupação foi recente. Ela conta que na quinta-feira, 1º, um dia antes da polêmica fala do ministro da Casa Civil, servidores do GDF a despejaram de outra calçada onde vivia, levando suas roupas, cobertores e lonas. Mostrando o seu barraco improvisado de cobertores, papelão e lona, ela não esconde seu desalento ao falar da espera por um apartamento subsidiado pelo governo, além de uma cirurgia no olho que pode evitar a cegueira.

Fonte: Agência Estado

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