Foi a primeira manifestação da jornalista desde que deixou a emissora
Lívia Torres Foto: Reprodução/TV Globo
Nesta quinta-feira (20), a repórter Lívia Torres se manifestou pela primeira vez desde que foi demitida pela TV Globo após cometer uma “infração grave” contra as regras da emissora. Em suas redes sociais, a jornalista disse que “chegou a hora de recalcular a rota” e “alçar novos voos”.
A demissão foi motivada após Lívia apresentar o sorteio da semifinal da Copa do Brasil no canal oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no YouTube. A Globo não permite que seus jornalistas apresentem eventos externos que sejam remunerados.
No Instagram, a jornalista afirmou que “toda despedida acaba sendo um momento de olhar para trás e reviver a própria história que, no caso do jornalismo, se confunde com a de tantas outras pessoas”.
Lívia então publicou um relato de sua trajetória profissional e agradeceu por todo o apoio que teve até aqui.
Leia o relato da jornalista:
Nesse dia da primeira foto, eu estava ao vivo cobrindo uma invasão no Morro do São Carlos, durante a pandemia. Começou um tiroteio, e tive que me abrigar na garagem de um prédio, sem parar de noticiar tudo ao vivo. A história acabou me rendendo as estreias no Jornal Nacional e no Fantástico.
Saber trabalhar sob tensão acaba sendo especialmente necessário pra quem cobre o Rio. Como em 2019, na Ponte Rio-Niterói, quando estava no ar na hora que atiraram no sequestrador de um ônibus. Ou lá atrás, em 2010, quando começava no G1, recém-contratada, e cobri a retomada do Complexo do Alemão.
Foram 14 anos de Globo, de estagiária a repórter de vídeo. Toda despedida acaba sendo um momento de olhar para trás e reviver a própria história que, no caso do jornalismo, se confunde com a de tantas outras pessoas.
Conforta meu coração saber que meu trabalho ajudou um pouco brasileiros como a Dona Janete. A franqueza daquela senhora, que na fila pra não passar fome me contou sua difícil história de vida, tocou o país e atraiu uma corrente incrível de solidariedade.
Também lembro com amor das minhas coberturas favoritas, como o carnaval carioca. Cobrir uma paixão de infância foi um sonho, e eu me joguei intensamente em cada noite virada na Sapucaí.
Eu amo jornalismo porque sou louca por gente e por contar histórias. Fui de peito aberto a muitas lutas, especialmente, por causa das pessoas. A elas devo meu maior agradecimento.
Ser repórter é muito mais do que estar com um microfone na mão. É ser ágil, sem perder a doçura, mas também inquieto.
Entendi que muitas vezes é preciso ousar. Escutei o não, busquei o sim. Só descansei quando me deparava com verdade. E a minha verdade sempre foi a doação intensa para o melhor trabalho. Cimentei cada tijolo com ética, profissionalismo e entrega. Dobrei horas, busquei incessantemente as melhores aspas, cultivei as melhores fontes.
Sou grata por tudo que aprendi e construí. Chegou a hora de recalcular a rota, alçar novos voos.
Obrigada por tanto carinho. A gente se vê por aqui.
Bons ventos virão!
PLENO.NEWS