Opositores ferrenhos do posicionamento crítico do presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto ao sistema eleitoral brasileiro, os pré-candidatos Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) já manifestaram no passado uma visão bem parecida com a do atual chefe do Executivo sobre o tema. Os três, inclusive, já chegaram a emitir posicionamentos favoráveis ao voto impresso auditável.
LULA JÁ PROPÔS TÍQUETE APÓS VOTAÇÃO NA URNA
Em 2002, enquanto ainda era candidato ao Planalto na eleição que terminaria com sua primeira vitória, Lula colocou sob suspeição o uso das urnas eletrônicas nas eleições. No dia 6 de junho daquele ano, o petista levantou dúvidas sobre a infalibilidade do sistema eleitoral e chegou a dizer que não era possível saber se a urna poderia “ser manipulada ou não”.
– Nada é infalível, só Deus. Vamos pegar o que aconteceu aqui, quantas denúncias já foram feitas de defunto que vota, de cidades que têm mais eleitores do que habitantes – disse.
Bem similar ao que é defendido atualmente por Bolsonaro como alternativa ao modelo de votação utilizado no país, Lula propôs na época que fosse impresso um “tíquete” após a votação na urna eletrônica, que, por sua vez, seria depositado em uma urna convencional.
– Aí está zerado o problema. Quem tiver desconfiança faz a aferição entre a urna e o resultado da apuração eletrônica – declarou.
Reportagem da Folha mostra questionamentos de Lula sobre o sistema eleitoral Foto: Reprodução/Folha de SP
Bem diferente do posicionamento emitido há 20 anos, Lula usou suas redes sociais nesta segunda-feira (18) para atacar Bolsonaro por conta da reunião com os representantes diplomáticos sobre as eleições brasileiras. No Twitter, o petista disse ser “uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país”.
TEBET E A DÚVIDA SOBRE OS DADOS QUE VÃO PARA AS URNAS
Outra a criticar Bolsonaro nesta segunda foi a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Em uma publicação no Twitter, a parlamentar afirmou que “o presidente convocou embaixadores e utilizou de meios oficiais e públicos para desacreditar mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro” e disse reforçar sua confiança “no sistema de votação por urnas eletrônicas”.
Há sete anos, no entanto, o posicionamento de Tebet não era tão convicto assim a respeito das urnas eletrônicas. Em 2015, durante uma entrevista à TV Senado após apoiar a derrubada do veto da então presidente Dilma Rousseff (PT) ao voto auditável, a senadora justificou a escolha com uma defesa ao mecanismo de impressão do voto.
– Será que o meu voto depositado na urna, depois de processado, se concretiza? (…). Então, para que tiremos essa dúvida, [para que o sistema] dê tranquilidade ao eleitor, [para] que ele possa saber que a partir de 2016 e 2018 ele vai votar e ele vai ter a comprovação, saindo ali os nomes dos candidatos que ele escolheu, nós optamos por derrubar o veto da presidente Dilma – questionou.
CIRO FALA EM APERFEIÇOAR SISTEMA
Se, nesta segunda, o ex-governador Ciro Gomes (PDT-CE) chamou a reunião de Bolsonaro com os embaixadores de “horrendo espetáculo”, há pouco mais de um ano, em maio de 2021, o pedetista fazia uma defesa do voto impresso auditável.
Pelo Twitter, Ciro endossou a ideia que foi levantada pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, em uma entrevista ao site Poder360. Na ocasião, o dirigente partidário defendeu que o sistema de impressão de voto poderia possibilitar “a auditagem do voto eletrônico. Para o ex-governador do Ceará, o modelo proposto pelo presidente do partido tornaria “melhor” um sistema que era “bom”.
– Qual o problema em tornar um sistema, que já é bom, em um sistema melhor? Qual o problema de termos uma cópia de segurança impressa, palpável e acima de qualquer suspeita, para eventual checagem? – indagou.
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