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Jô Soares inaugurou o modelo de talk show na TV brasileira | Foto: Rede Globo/Divulgação

Morto na sexta-feira 5, aos 84 anos, o humorista e apresentador Jô Soares sempre foi uma personalidade atenta à realidade política brasileira. Em dezembro 2017, em entrevista à Jovem Pan, o artista comentou sobre os episódios de corrupção que mancharam a reputação do Partido dos Trabalhadores (PT) e do ex-presidente Lula.

Em conversa com os jornalistas Edgard Piccoli e Vera Magalhães, Jô analisou o cenário para as eleições de 2018, posteriormente vencida por Jair Bolsonaro. Na oportunidade, o ídolo da TV brasileira disse entender que Lula não tinha mais condições de romper o patamar de 35% de apoio entre eleitores brasileiros. O apresentador ainda ressaltou a mácula de corrupção sobre a biografia do petista, em menção aos episódios da Operação Lava Jato.

“Eu duvido, por exemplo, que o Lula passe dos 35% que ele sempre teve. Só não teve quando a classe média e a classe alta, depois da famosa carta ao povo brasileiro, disseram: ‘Vamos acreditar nesse homem, porque ele vai limpar a política’. E foi exatamente o oposto. Nunca houve tamanha corrupção”, comentou Jô em 2017.

“É fantástica a história da política brasileira. De repente, um homem que está sendo processado por tantos crimes, ao mesmo tempo com uma condenação praticamente certa, como é o caso do Lula, ainda ter seguidores no volume que tem.”

Entre 2017 e 2019, Lula foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva em três instâncias, julgado por nove juízes, mas em 2021 teve as sentenças anuladas por Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão de entendimento de erro processual por incompetência de foro.

No entanto, o petista não foi absolvido pela Justiça brasileira. Em janeiro deste ano, a 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal arquivou ação contra o ex-presidente, em razão da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal.

A carreira de Jô Soares

José Eugênio Soares nasceu em 1º de janeiro de 1938, no Rio de Janeiro. Trabalhou nas emissoras Continental, TV Rio, Tupi, Excelsior, Record, SBT e na Globo.

Em todas as suas inúmeras atividades artísticas, Jô Soares teve o humor como marca registrada. Foi seu ponto de partida e sua assinatura no teatro, na TV, no cinema, nas artes plásticas e na literatura.

Em 1987, Jô comandou o programa Jô Soares Onze e Meia, exibido pelo SBT, rendendo mais de 6 mil entrevistas. O humorista retornou à Globo em 2000, quando estreou o Programa do Jô.

Jô também atuou com destaque na imprensa e foi um autor best-seller. Nos anos 1980, escreveu com regularidade nos jornais O Globo e Folha de S.Paulo e para a revista Manchete. Entre 1989 e 1996, assinou uma coluna na Veja. Também escreveu cinco livros, sendo quatro romances.

REVISTA OESTE

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