Partido resiste à ideia de apoiar o psolista para a Prefeitura de São Paulo
Guilherme Boulos Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil
A base partidária mais leal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha eleitoral de 2022 já se movimenta em torno da disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2024 e projeta uma divisão que pode colocar o petista e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), em palanques diferentes. Mesmo após Lula ter declarado que seu candidato na capital é o deputado Guilherme Boulos (PSOL), o PT resiste publicamente à ideia de não ter candidato próprio.
No PSB, aliados próximos a Alckmin pedem que ele se empenhe no ano que vem numa possível candidatura da deputada Tabata Amaral.
Candidato em 2020 à Prefeitura, Boulos chegou ao segundo turno e foi derrotado por Bruno Covas (PSDB). Naquela disputa, ele recebeu 40% dos votos, mas parte do PT desconfia da viabilidade eleitoral do deputado que ingressou na política como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Essa ala petista é liderada pela família Tatto, que tem forte influência nos diretórios municipal e estadual da sigla. O grupo defende a candidatura própria na eleição municipal, mesmo sem ainda apontar um nome.
– O PT nunca deixou de ter candidato em São Paulo e elegeu três vezes o prefeito da capital. Não podemos deixar de ter um candidato petista – declarou o vereador Arselino Tatto.
Segundo ele, Boulos não deveria procurar diretórios e lideranças isoladamente, mas conversar com o PT de forma institucional. Arselino citou os casos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul como exemplos de estados onde a estratégia de não lançar candidato próprio custou caro à legenda.
Em entrevista ao jornal O Globo, o deputado Jilmar Tatto, irmão de Arselino, foi além e defendeu a migração de Boulos do PSOL para o PT se quiser ser candidato.
– Se foi feito acordo, nós vamos cumprir. Mas vamos discutir as bases desse acordo. O Boulos poderia vir para o PT, por exemplo. O PT é grande demais para ficar sem candidato na cidade – afirmou Jilmar.
DATENA
Esse movimento ganhou força após a revelação de um vídeo no qual o apresentador José Luiz Datena – que se filiou ao PDT, partido que aderiu à base de Lula no governo – sugere a Boulos que o deputado “peite” Lula e forme uma chapa tendo ele como vice. Para o presidente estadual do PT, Kiko Coleguim, o deputado do PSOL é atualmente “o nome mais viável” dentro de uma frente de esquerda na capital.
– Mas há um processo de construção pela frente – admitiu.
O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, disse estar confiante de que o partido vai liderar uma frente de esquerda, e chamou de “lamentável” o vazamento do vídeo de uma conversa informal entre Datena e Boulos.
A escolha do candidato a vice numa futura chapa encabeçada por Boulos, segundo Medeiros, será uma prerrogativa “legítima” do PT, mas o PSOL espera contar com o PDT e o PSB no mesmo palanque
A união no plano federal, contudo, não deve ser automática na disputa municipal do próximo ano. O PSB já trabalha para fortalecer o nome da deputada Tabata Amaral como uma opção mais moderada e de centro-esquerda na eleição paulistana.
Líderes do partido defendem uma atuação efetiva de Alckmin em 2024 e acreditam que Tabata pode se tornar uma alternativa “lulista” não radical na corrida eleitoral. Aliados do ex-governador paulista, a maioria deles egressa do PSDB como ele, dizem que Alckmin tem demonstrado interesse no cenário político paulista e paulistano.
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