Posicionamentos de Zanin, favorito para o STF, geram desconfiança no PT

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Nos bastidores, a bancada governista no Senado avalia que a provável escolha para o STF não enfrentará grande resistência de opositores

Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

Favorito para assumir a vaga do ministro Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Cristiano Zanin tem uma atuação próxima ao presidente Lula desde antes de ter assumido sua defesa nos processos da Lava-Jato. Zanin trabalhou no início da carreira em casos de falência de companhias aéreas e que geraram repercussão no Palácio do Planalto no primeiro mandato do petista. Nos bastidores, a bancada governista no Senado avalia que a provável escolha para o STF não enfrentará grande resistência de opositores de Lula, que têm elogiado o perfil de Zanin. O PT, por sua vez, tem dúvidas quanto aos posicionamentos do advogado.

Em entrevistas e artigos, Zanin sempre tratou de temas ligados à sua área de atuação, voltada para litígios empresariais e para o uso abusivo de mecanismos jurídicos, conhecido como lawfare. Reservadamente, senadores petistas afirmam que o advogado fez o dever de casa e estará preparado, em sua eventual sabatina no Senado, para tratar de temas variados.

A expectativa é de que uma ala da oposição aborde o lavajatismo e a pauta de costumes, ao passo que a bancada mais à esquerda deve questioná-lo sobre assuntos como proteção ao meio ambiente, defesa de povos originários e direitos de minorias. Conforme revelou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, Zanin participou de uma reunião informal com parlamentares do PT no último mês e desagradou por dar respostas vagas em assuntos que fugiam ao escopo da Lava-Jato e da defesa da democracia.

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Zanin atuou desde o primeiro governo Lula no escritório do sogro, Roberto Teixeira, que é compadre de Lula. Um de seus casos notórios, em 2006, foi a formatação da compra dos ativos da Varig, em vias de falência, pelo consórcio Volo, formado por um fundo americano. A compra seria alvo de controvérsia após a descoberta, em 2008, de um contrato de gaveta no qual os sócios brasileiros da Volo se comprometiam a vender suas ações ao fundo estrangeiro, o que era proibido.

Poucos meses depois desta compra, Zanin defendeu em um artigo, em março de 2007, a ampliação do limite de capital estrangeiro em companhias aéreas no Brasil, tema que tinha resistências no PT. No artigo, o advogado criticou a limitação de 20% imposta pela legislação, e disse que as “restrições indevidas” deixavam a aviação civil “aquém do seu potencial”, com “impacto negativo em relevantes projetos governamentais, como é o caso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”.

Na ocasião, como o consórcio Volo dava mostras de que não seria capaz de seguir com a operação da Varig, a chilena LAN e as brasileiras TAM e Gol disputavam para comprar novamente a empresa aérea. A Gol acabou vencendo a concorrência pela Varig, em negociação sacramentada no mesmo dia em que Roberto Teixeira e executivos da empresa se reuniram no Palácio do Planalto. O imbróglio da Varig gerou desgastes ao governo Lula e acusações, de uma diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de ter sofrido pressões de Teixeira por sua proximidade com o petista. Teixeira, à época, negou qualquer interferência e disse que sua atuação foi jurídica.

Por Bernardo Mello, Agência O globo

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