Mesmo somando-se os pequenos, médios e grandes, as centenas de conflitos ocorridos do fim da Segunda Grande Guerra, em 1945, até os nossos dias, incluídas as guerras Rússia x Ucrânia e Israel x Hamas, representam o período mais pacífico da História da Humanidade, realidade que não impede o cassandrismo passadista que proclama o começo do fim dos tempos. Do mesmo modo que o bem-estar da humanidade, cada vez mais, o melhor de todos os tempos, não evita a denúncia entre desonesta e obtusa dos que sustentam que as sociedades abertas, que compreendem o que há de mais avançado no Mundo, conduzem a espécie humana para o seu inevitável holocausto.
Meio a essa apocalíptica visão terceiro-mundista, apraz-nos antever que tanto a guerra Rússia x Ucrânia quanto Israel x Hamas não conduzirão a uma conflagração mundial, com a vitória ficando com a Ucrânia e com Israel, por razões distintas. Menos do que uma vitória da Ucrânia, assistiremos uma derrota da Rússia, imposta pelas ambições de mais um ditador como tantos outros que marcaram sua longa e infeliz história que nunca conheceu um dia, sequer, de genuína experiência democrática. A União formada pelos países democráticos, à frente os Estados Unidos e a União Europeia, vencerá. Basta lembrar que o PIB da Rússia é semelhante ao brasileiro. Do mesmo modo Israel, expressão máxima da competência, na sociedade do conhecimento em que nos encontramos imersos, lutando contra uma barbárie passadista.
Diferentemente do que se propala, o fascismo, de novo, só tem a denominação, no começo do Século XX, por Mussolini, na Itália, uma vez que sua prática se confunde com a história da humanidade, dos primórdios até a Revolução Democrática Americana de 1776, enodoada, porém, pela convivência com a escravidão, até quando abolida pela Guerra de Secessão, liderada por Abraham Lincoln, em 1865. Ainda assim, convivendo com o apartheid, por mais um século, em estados do Sul, até sua extinção no Governo John Kennedy, em 1961. Em outras palavras: os governos de todos os países e civilizações, em todos os tempos, até a Revolução Americana, foram fascistas.
Como Pedro, O Grande, e Joseph Stalin, para ficarmos com os sanguinários mais recentes, o ditador ultra bilionário Vladmir Putin busca, incessantemente, uma saída, aparentemente, honrosa, que mascare sua inevitável derrota, diante de uma OTAN que está preparada para resistir à velha sanha expansionista soviética, pelo tempo que for necessário, inclusive o requerido para a Rússia entregar os pontos, vencida pelos problemas gerados por uma iniciativa tão ambiciosa quanto nefasta à sua estabilidade como grande potência.
Povo judeu à parte, nenhum país sofreu tanto como a Ucrânia, na Segunda Grande Guerra, quando expressiva parcela de sua população chegou ao ponto de sobreviver alimentando-se de cadáveres insepultos, inclusive de familiares, preservados nas infindáveis geleiras. Esse grande sofrimento coletivo fez coriácea a sensibilidade dos ucranianos que, ao final, verão a pátria mantida sob sua tutela.
De Israel sair vitorioso da atual refrega dúvidas não há. O que se discute é se a paz virá com ou sem a libertação dos reféns israelenses que ainda se encontram sob a custódia do Hamas. Só haverá paz se o Hamas libertar os reféns e confiar o destino de seus militantes aprisionados por Israel às negociações diplomáticas.
Só quem não conhece a saga de sofrimentos e lutas deste bravo e disciplinado povo é que pode duvidar de sua férrea determinação de conquistar o seu direito de ter um lugar ao sol onde, finalmente, possa viver em paz.