Ponto de Vista: Quem deve decidir?

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Ao casal amigo Márcia e Coronel Aviador Marcello Borges da Costa! 

Um amigo, inteligente, culto e educado, perguntou-nos se não haveria preconceito, de nossa parte, ao sustentarmos, como o fizemos, em recente artigo, intitulado “a vanguarda do atraso”, que desde 2002 o PT se credenciou, em todas as eleições nacionais, como o Partido Político dos grotões brasileiros, povoados pelos segmentos mais pobres e menos escolarizados do País. Em última análise, os mais atrasados. Respondemos que essa era uma verdade incontestável, objeto do livro O voto do Brasileiro, de autoria do cientista político Alberto Carlos Almeida, tema por nós reiteradamente abordado.  

Remetemo-lo, ainda, ao que escrevemos em nosso recente  livro Esquerdas e Direitas, a Superioridade das Sociedades Abertas, a partir da página 163, sob o título “Parâmetros de Julgamento”, para fundamentar as razões pelas quais, em assuntos de grande complexidade, a elite intelectual está mais bem equipada do que a plebe ignara para tomar decisões: “Enquanto os integrantes do júri popular decidem com base no bom senso consuetudinário, os julgamentos complexos, difíceis ou de excelência, exigem uma sofisticação intelectual maior   da que se pode esperar de pessoas simples do povo, de pequena escolaridade, informação e reflexão. Nesses casos, o democratismo de considerar a todos em pé de igualdade constitui prática perigosa de isonomia populista, de consequências que podem dificultar ou serem fatais para se alcançar a desejada justiça. É quando não pode haver pejo em recorrer a critérios genuinamente aristocráticos, no sentido de meritocráticos, optando-se pela indicação de mentalidades reconhecidamente esclarecidas e íntegras, num padrão de escolha de qualidade superior, por  exemplo, à que tem sido observada, em muitos casos, na indicação dos integrantes de nossos tribunais superiores. Essa adaptação dialética à realidade em nada fere os princípios básicos da plena cidadania a todos conferida, independentemente da superioridade de uns sobre outros na permanente e saudável disputa pela supremacia, ambiente característico das sociedades abertas, de que nos falou Karl Popper”, em seu clássico A sociedade aberta e seus inimigos. 

É verdade que Marx, como seus seguidores imediatos, com o italiano Antônio Gramsci à frente,  negou relevo ao papel da educação na prosperidade dos povos, conclusão que, na percepção de nossos dias, constitui imperdoável heresia, ainda que haja recalcitrantes cultores desse mesmo equívoco. Marx e seus seguidores não previram que a tecnologia substituiria o trabalho baseado na força física, na sociedade do conhecimento em que passamos a viver, nem o acesso a bens de excepcional significado para a elevação da qualidade de vida pelos segmentos mais carentes da sociedade.  

Populações intelectualmente desarmadas, como a maioria da nordestina e nortista são vítimas do populismo da direita e da esquerda que se aproveita de momentos de atordoamento nacional para satisfazer seus ferozes apetites políticos ocasionais. Cada um invocando inexistentes momentos de paz e de tranquilidade, no passado, auferidos pela sociedade, sob a tutela de suas respectivas diretrizes  de pensamento ideológico”. 

Essa reflexão teórica tem algo a ver com as recentes eleições brasileiras e com o fato doloroso de ser o Brasil um dos países de mais baixo desempenho, no Planeta, relativamente ao bem estar do seu povo, quando levamos em conta nossas imensuráveis riquezas nacionais e potencialidades. 

O Brasil oferece, sem dúvida, a comprovação cabal de que o homem é o único animal que tropeça, mais de uma vez, na mesma pedra! 

JOACI GÓES, para o jornal TRIBUNA DA BAHIA

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