Ponto de vista: Israel, Bahia e Brasil

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                                                                               Joaci Góes

Ao casal amigo Cristiane e Jânio Natal!

Todos sabem que Jesus Cristo, como seus pais, Maria e José, e avoengos, eram judeus. Muitos sabem que o navegador Gaspar de Lemos integrou a frota de Cabral que chegou ao Brasil em 22 de abril de 1500, comandando uma nau que transportava mantimentos. Muitos sabem, igualmente, que foi a Gaspar de Lemos a quem Cabral incumbiu de levar ao Rei D. Manuel a carta escrita por Pero Vaz de Caminha, relatando o “achamento de novas terras”. Sabem muitos, também, que Gaspar de Lemos, zarpou do Tejo em maio de 1501, trazendo a bordo o cartógrafo italiano Américo Vespúcio, com o propósito de registrar os principais acidentes geográficos, a exemplos do Arquipélago de Fernando de Noronha, Touros, no Rio Grande do Norte, Rio São Francisco, Baía de Todos os Santos, Rio de Janeiro, Angra dos Reis e a Ilha de São Vicente. Dessa expedição ao Brasil, Gaspar de Lemos retornou a Portugal em setembro de 1502. Américo Vespúcio fez semelhantes registros em áreas sob o domínio espanhol, todas elas referidas, com certo desprezo pelos europeus, como as Terras do Américo, daí advindo o batismo do novo continente como América.

 O que poucos sabem é que Gaspar de Lemos era judeu, nascido na Polônia, poliglota e dotado de grandes saberes, a quem Vasco da Gama conhecera em Goa, na Índia, em 1498, quando o convenceu a converter-se em cristão novo, como requisito para colocar-se a serviço de Portugal, passando a chamar-se Gaspar da Gama, mais tarde, Gaspar de Lemos.

Além dessa estreita vinculação histórica do Brasil com um judeu, em 14 de maio de 1948, era inaugurado, oficialmente, o Estado de Israel, no território até então sob o domínio britânico, em razão da decisão tomada pela recém criada ONU, em sessão presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, no ano anterior, 1947. Aí está mais uma excepcional vinculação histórica do Brasil ao povo de Israel. Já no dia seguinte à sua criação, 15 de maio de 1948, o novo estado de Israel foi invadido por tropas de cinco exércitos árabes, sendo rapidamente derrotados pelo pequeno, mas bem organizado exército israelense. Até os recentes e imprevistos ataques terroristas pelos ativistas do Hamas, em 07 de outubro último, Israel viveu sob a permanente ameaça de extermínio por um terço dos 150 milhões de inimigos muçulmanos, vizinhos, que o têm sob a mira de seus foguetes, a exemplos da Guerra de Independência, Guerra de Suez, Guerra dos Seis Dias e do Yom Kippur. Além disso, tem sido marcante a contribuição de judeus ao desenvolvimento brasileiro, sobretudo em setores dependentes de inteligência superior.

Essa introdução vem a propósito das ofensivas declarações do Presidente da República à reação de Israel contra os terroristas do Hamas que, propositadamente, fazem da população de Gaza escudo para permanecerem incólumes. Mais grave, ainda, o Presidente usou do elevado posto para o exercício de sua vingança pessoal contra o Governo de Israel que se recusou a atender suas chamadas para tratar da repatriação dos 34 brasileiros que se encontravam na Faixa de Gaza, preferindo dialogar com a chancelaria brasileira, a respeito do delicado assunto que culminou em final feliz.

 Esse e outros comportamentos do Presidente brasileiro, como sua declaração, logo após de empossado, de que usaria o cargo para se vingar dos que o condenaram à prisão, têm levado observadores a concluírem que algo preocupante está determinando a trêfega conduta de alguém à testa de tamanhas responsabilidades.

Em nome da paz, segurança e bem-estar do povo brasileiro, não seria o caso da submissão do Presidente a uma licença para tratamento da saúde física e mental?

TRIBUNA DA BAHIA

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