Por Joaci Góes
Ao querido amigo e jurista Sérgio Schlang!
Ainda não chegamos à metade dos mandatos dos eleitos em 2024 e o assunto que domina as conversas nos meios políticos é as eleições de 2026, com centro nas presidenciais, de tal modo elas influem nas de governadores, senadores, deputados federais e estaduais. A precipitação desse interesse resultou de dois acontecimentos, considerados desastrosos para os interesses eleitorais do Presidente Lula: as eleições municipais de outubro e a vitória de Donald Trump, magnificada pela infeliz iniciativa do presidente brasileiro de anunciar sua preferência pela democrata Kamala Harris, acompanhada de ofensas ao vitorioso empresário republicano.
Corroborando a constatação de que os desdobramentos recentes da política brasileira, pautada pela predominância dos interesses nas próximas eleições sobre os interesses das próximas gerações, superam as mais ousadas concepções ficcionais, o sentimento predominante no Planalto é o de que a inelegibilidade de Bolsonaro é mais inconveniente aos interesses eleitorais de Lula do que a conquista de seu direito de candidatar-se. Explica-se: inelegível, Bolsonaro somará ao candidato conservador – Tarcísio, Caiado ou Ratinho-, mantendo Lula isolado com seu pouco mais de um terço dos votos gerais, assegurando sua acachapante derrota. Do outro lado, se conquistar a elegibilidade, Bolsonaro dividirá os conservadores, ensejando a reeleição do atual Presidente. O impacto previsível nas eleições para os governos, o Senado e deputados estaduais e federais, sofistica o festival de cenários imaginários. Na Bahia, por exemplo, especula-se que o Senador Otto Alencar seria a escolha favorita de qualquer das facções baianas para ser o candidato potencialmente vitorioso ao Governo do Estado, como parte do preço para Lula ou o candidato conservador contar com o apoio do poderoso PSD, de Gilberto Kassab, o político mais esperto do momento político brasileiro. Basta dizer que Kassab, Presidente do PSD, é secretário do Governo de São Paulo, com Tarcísio de Freitas, ao tempo em que conta com três ministérios no Governo Lula, querendo mais, na anunciada reforma ministerial de fevereiro próximo, como meio de compensar seu marcante crescimento nas últimas eleições municipais. Recorde-se que Lula assegurou sua vitória com o voto dos conservadores que rejeitam Bolsonaro ainda mais do que o rejeitam, enquanto Otto Alencar, vice de César Borges, assumiu o governo da Bahia quando César deixou o Governo para candidatar-se ao Senado.
O baixo desempenho do PT nas eleições municipais recentes na Bahia, com a honrosa exceção da vitória de Luís Caetano em Camaçari, acrescida da emergência de Bruno Reis como promissora liderança, como demonstrado em sua retumbante reeleição, coloca em xeque a possibilidade de sair, imperiosamente, dos seus quadros, como aconteceu nas últimas cinco eleições, o candidato ao Governo do Estado, podendo o Governador Jerônimo Rodrigues disputar o Senado, se Otto Alencar vier a ser o candidato ao Governo, na hipótese de Bolsonaro poder candidatar-se à Presidência da República. Veja-se como as especulações colocam na dependência do que ocorrer na área federal o que venha a acontecer na Bahia, como nos estados, em geral.
Serão muitas as possibilidades que vamos especular, nesta série de artigos, sobre as eleições gerais de 2026.
TRIBUNA DA BAHIA