Ponto de Vista: Combater a pobreza ou promover a riqueza?

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                               Por Joaci Góes

 

Ao amigo e companheiro de trabalho Almiro Lourenço Trindade.

A dimensão cristã de nossa herança cultural elegeu a pobreza como virtude e a posse de riqueza como um pecado mortal, a ponto de atribuir a Jesus Cristo a polêmica afirmação segundo a qual seria “mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico alcançar o reino dos céus”, princípio recusado pela Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero, a partir da fixação de suas 95 teses, em 31 de outubro de 1517, na Igreja do Castelo da cidade alemã de Wittenberg.

Tenha Jesus chegado ou não a essa infeliz conclusão, em 1904, quase quatro séculos depois de deflagrada a Reforma, o pensador alemão Max Weber (1864-1920), aos 38 anos de idade, escreveu sua obra mais conhecida A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, onde aponta essa distinção de visões como a principal causa de serem mais ricos os países onde o protestantismo prepondera do que aqueles em que a preponderância é católica. Como exemplo mais gritante dessa tese temos a prosperidade dos Estados Unidos, país protestante, por excelência, e o Brasil, a mais católica nação do Mundo. Observe-se que mesmo tendo Colombo chegado à América oito anos antes de Cabral ao Brasil, a colonização do Colosso do Norte só se iniciou um século depois da brasileira.

A diferença é que o protestantismo se insurgiu contra a resignação do catolicismo ao estado de pobreza natural do ser humano, recusando aceita-la como desígnio divino e não, como de fato o é, produto da cultura dominante.

Com o advento do capitalismo, no bojo da Revolução Industrial, teve início o processo de erradicação da pobreza, em escala global, de tal modo que no ano de 1800, quando a população mundial era de dois bilhões de pessoas, apenas 10% delas viviam acima da linha da pobreza, com 90% vivendo abaixo, enquanto, hoje, apesar do ambiente pandêmico, quando a população planetária é de 7.8 bilhões de indivíduos, somente 10% vivem abaixo da linha de pobreza, percepção difícil de ser alcançada pelas regiões atrasadas, como o Estado da Bahia, detentor de um dos mais baixos IDH do Continente Americano.

Aqui, como no Brasil atrasado, em grande parte da África e algumas regiões da Ásia, o segmento da esquerda totalitária, que se orienta pela mentalidade de escassez, segundo a qual quanto pior melhor, para a promoção do ressentimento popular, em favor dos seus interesses partidários, o pensamento dominante é o de que a prioridade máxima é o combate à pobreza, em oposição às nações prósperas que se orientam pela promoção da riqueza, a partir, sobretudo, da garantia de acesso a educação de qualidade e saneamento básico para todos, inclusive para os segmentos mais carentes da sociedade.

Como não há qualquer antagonismo entre o espírito de caridade e a promoção da riqueza, são igualmente meritórias e muito bem vindas personalidades venerandas como a Santa Irmã Dulce e o empresário José Carvalho que criou uma fundação destinada a promover o desenvolvimento intelectual e moral de crianças talentosas, oriundas das classes pobres, sem prejuízo do reconhecimento universal de que o meio mais eficaz de extinguir a pobreza é mediante a promoção da riqueza, como costuma enfatizar o jovem e brilhante pensador Caio Coppola, exemplo edificante para as novas gerações de brasileiros.

Apesar da descrição de um copo com água pela metade poder ser feita como meio cheio ou meio vazio, permanecendo, essencialmente, a mesma, os recipiendários as interpretarão como mensagens distintas. 

Sem dúvida, o meio mais eficaz de extinguir a pobreza é construindo riquezas.

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