Por Joaci Góes
Para o médico e querido amigo Rodolfo Dantas!
A Amazônia Azul é o espaço oceânico, ao longo de nossa costa, de cerca de 5,7milhões de km², a maior parte da qual tem assegurado o direito de exploração de suas riquezas, exclusivo do Brasil. Esse acréscimo decorreu da ampliação, por força de convenção internacional, de 12 para 200 milhas da faixa de mar pertencente às nações ribeirinhas. Essa área, somada à terrestre, eleva, o território nacional, de 8,5 milhões de km², para 14,2 milhões de km². Trata-se, portanto, de um acréscimo notável às nossas já imensuráveis riquezas naturais que, historicamente, não temos sabido explorar, razão do grande descompasso entre o que somos e o que deveríamos ser, em matéria de bem estar de nossa gente, algo semelhante aos Estados Unidos, Canadá e Austrália, para mencionarmos, apenas, as nações do Primeiro Mundo com grande base territorial.
No Brasil, em geral, e na Bahia, em particular, as pesquisas revelam que o povo brasileiro continua dormindo em berço esplêndido, como em tantos outros domínios, relativamente ao significado da Amazônia Azul para as nossas vidas, sono de que despertamos, com vigor, na última terça-feira, dia 3 de outubro, com um conjunto de atividades iniciadas pela manhã, na sede do Segundo Distrito Naval, quando o seu Comandante, o Almirante Antônio Carlos Cambra fez uma rica apresentação do conceito e conteúdo dessa nova e exuberante dimensão para a vida do povo brasileiro, na medida em que formos capazes de explorá-la, na multiplicidade de suas facetas, sem prejuízo da indispensável preservação ambiental. Observe-se que, em razão de sua extensa costa, a Bahia é, de longe, o estado brasileiro com maior acréscimo de seu território original, com potencial, portanto, para colher os maiores benefícios, apesar de nos encontrarmos atrás do Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, em matéria da adoção de medidas oficiais, prévias ao aproveitamento dessas novas e gigantescas possibilidades, com a exceção de oportunas medidas formais de iniciativa do PGR Augusto Aras e do Projeto de Lei, em curso na Câmara dos Deputados, de autoria da deputada federal Roberta Roma, destinado a assegurar a Salvador o reconhecimento ostensivo como a capital da Amazônia Azul. Essa medida decuplicará a fama de nossa Soterópolis, mundo afora. Seguiu-se, à noite, uma histórica sessão solene, na sede da Câmara de Vereadores, quando discorreram sobre o momentoso tema, o Vereador Téo Sena, líder e organizador do pioneiro evento, no âmbito municipal, o Almirante Cambra, o empresário e artista plástico Durval Olivieri, o diretor da WWI, no Brasil, o ambientalista Eduardo Athayde, líder do movimento pelo engajamento da Bahia na magna questão, o deputado Eduardo Salles, pioneiro do tema na Assembleia Legislativa, com a palavra final do empresário Roberto Oliva, presidente nacional das entidades portuárias.
O sentimento que dominou o semblante e a reação do qualificado auditório foi o de que ali se realizava um acontecimento histórico de grande significado para o desenvolvimento da Bahia e do Nordeste.
A Marinha Brasileira é a instituição a quem cabe o controle, monitoramento e defesa de nossa Amazônia Azul, de modo a assegurar a proteção, preservação e aproveitamento sustentável de suas riquezas paisagísticas, navegacionais, turísticas, ecológicas, minerais, farmacológicas, energéticas e alimentícias.
O Brasil deve ao Almirante Roberto de Guimarães Carvalho a inspiração para cunhar o batismo de incalculável valor: Amazônia Azul.
Sem prejuízo de uma revisão urgente em nossas práticas educacionais, sem o que nenhum progresso digno desse nome se viabiliza, e da grande crise que atravessa nossa segurança pública, um movimento de tamanho significado, para acelerar-se, torna imprescindível que sua liderança seja assumida pelo Governador Jerônimo Rodrigues.
Joaci Góes – Tribuna da Bahia