Péssimo exemplo: Ministro da Casa Civil dobra renda familiar nomeando esposa para o TCM

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 O ex-governador da Bahia, Rui Costa, hoje ministro da Casa Civil, ao lado de sua esposa Aline Peixoto imagem: Raul Spinassé/Folhapre

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, dobrou a sua renda familiar ao concretizar a indicação da sua esposa, Aline Peixoto, para o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia, com a remuneração vitalícia de R$ 41 mil. Na prática, Rui dobra a sua renda familiar. A partir de 1º de abril de 2023, um ministro de Estado passa a receber R$ 41.650,92. A renda do casal passa a ser de R$ 82.000,00.

O empenho de Rui em dobrar a sua renda familiar foi turbinado pelo peso político que passou a ter como ocupante de um dos cargos mais importantes no Planalto. Cabe ao ministro Chefe da Casa Civil ser o coordenador do Governo e dos outros ministros. É uma função de extrema proximidade com o Presidente da República — e de grande visibilidade. A sua atuação deve ser exemplar e sinalizar para os demais o comportamento que se espera dos dirigentes.

É exatamente o papel de paradigma do governo que mora o primeiro dolo de Rui Costa. Ele passou por cima de todos os princípios éticos ao usar o seu peso político de ministro da Casa Civil — e de ex-governador da Bahia —, para indicar a sua cônjuge para uma função que exige conhecimento técnico e tem a missão de fiscalizar as contas dos municípios baianos. A enfermeira Aline Peixoto ocupava um cargo DAS-2C, de assessora da Secretaria de Saúde da Bahia, e o seu currículo nunca incluiu experiência como coordenadora de despesas, auditoria, gestão financeira e conhecimento técnico exigido em uma corte de contas.

O seu rito de nomeação para o Tribunal de Contas foi sumário. Teve a sabatina na CCJ da Assembleia baiana no dia 07/03. No dia 08, a indicação foi colocada em votação no plenário. Dos 63 deputados baianos, 40 votaram em Aline. O ex-deputado Tom Araújo, do União Brasil, recebeu 19 votos e 4 foram nulos. Para ser eleita, ela precisava de 32.

Duas horas após o resultado da votação na Assembleia, já circulava a edição extra do Diário Oficial baiano, com o ato de nomeação da esposa de Rui Costa, assinado pelo seu sucessor no Governo do Estado, Jerônimo Rodrigues. Na quinta, 09/03, pela manhã, ela era empossada, evitando que alguma medida judicial impedisse a posse.

O ex-governador e hoje senador, Jaques Wagner, casado com Fátima, que nunca impôs constrangimentos ao marido, foi publicamente contra a decisão do seu pupilo de usar a máquina e o poder político para nomear a ex-primeira-dama da Bahia para um cargo vitalício, e que exigia pré-requisitos que ela não tinha. Foi uma atitude isolada, que desagradou a cúpula do PT, que luta para restabelecer a credibilidade da legenda. Esta mistura de público e privado pode custar caro para Rui Costa.

Consumado o desejo de dobrar sua renda familiar, o ministro chefe da Casa Civil sai desse episódio sem ter muito o que comemorar. Encolheu politicamente. Demonstrou uma falta de pudor de usar a política para proveito da sua família, e só acende o sentimento do lavajatismo, uma parcela da população contra os políticos que se servem da coisa pública ao invés de servir, hoje adormecida.

A Casa Civil, ocupada no último governo Lula por Dilma Rousseff, fica com a imagem arranhada e sinaliza aos outros ministros que a falta de pudor é algo que pode ser aceito como normalidade no terceiro governo Lula.

CORREIO DA MANHÃ – COLUNA MAGNAVITA

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