Aparelhos serão vetados em sala de aula e até durante o recreio
Alunos em escola pública do Rio de Janeiro. Foto: Agência Brasil/Arquivo
Davi Soares
“Escola é lugar de aprendizagem, disciplina e, sobretudo, de convívio social e troca entre nossas crianças”. Com este argumento, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), decretou a proibição do uso de telefones celulares durante as aulas e até no recreio de escolas da rede municipal de ensino. O decreto foi publicado nesta sexta-feira (2).
Em vigor a partir de março, as novas regras permitirão o uso dos celulares apenas antes da primeira aula e após a última aula, com exceções apenas para casos especiais.E ainda depende da edição de ato normativo da Secretaria Municipal de Educação, para regulamentar a medida.
O decreto amplia o veto para demais dispositivos eletrônicos, que ficarão guardados na mochila ou bolsa do próprio aluno, desligado ou ligado em modo silencioso e sem vibração. Mas deixa a equipe da escola livre para adotar estratégia de sua preferência.
O decreto autoriza os professores a advertir os alunos, em caso de descumprimento da norma. Bem como de cercear o uso dos dispositivos em sala de aula.
Flexibilização
A regra é flexibilizada apenas na Educação de Jovens e Adulto, quando será permitido o uso de celulares nos intervalos das aulas. E há exceções em que os professores podem propor a utilização dos celulares e dispositivos eletrônicos para fins pedagógicos, como pesquisas, leituras ou acesso a outros materiais educativos.
Podem manter os aparelhos ligados aqueles alunos com deficiência ou com condições de saúde que necessitam destes dispositivos para monitoramento ou auxílio de sua necessidade.
Nas ocorrências de temporais e outros eventos de impacto na cidade, o uso também pode ser liberado, diante da classificação dos estágios operacionais 3, 4 e 5 na cidade, pelo Centro de Operações da Prefeitura do Rio.
A medida foi precedida de consulta pública sobre a proibição, que contou com mais de 10 mil contribuições, com resultado de 83% de respostas a favor, 6% contrárias e 11% parcialmente favoráveis. “São números que mostram o grande interesse por essa discussão e o quanto a sociedade está consciente da importância e urgência que esse problema precisa ser enfrentado”, defendeu, o secretário municipal de educação, Renan Ferreirinha.
Ponderações
A pedagoga Rosemary dos Santos, pesquisadora da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), pondera sobre a proibição, ao defender ser mais importante trazer a discussão do uso desses dispositivos para a escola.
“O aluno vai usar em todos os lugares, menos na escola? Que lugar é esse da escola que abre mão de discutir o que é vivenciado por todo mundo? O uso excessivo não se dá porque o aluno usa o celular na escola, mas sim porque ele usa em todo lugar. As questões que emergem a partir desse uso precisam ser problematizadas em sala de aula. Não é o uso na escola que pode gerar depressão ou que pode levar o aluno a conteúdos inadequados. É o uso na sociedade. E a escola é um local adequado para essa discussão. Se o excesso de uso de tela gera problemas, a escola precisa discutir,” explicou, em entrevista à Agência Brasil.
DIÁRIO DO PODER