Militância esperava comemorar votação expressiva, mas foi ‘surpreendida’ durante a apuração
Apoiadores de Fernand Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores ao governo de São Paulo, se reuniram no fim da tarde de domingo 2 em um hotel da região central da capital paulista. A “festa” foi preparada a menos de 300 metros do hotel onde Lula acompanhava a apuração das eleições.
Haddad chegou ao local pouco antes das 17 horas para acompanhar a apuração ao lado de familiares e correligionários num espaço exclusivo. Alguns andares abaixo, um auditório foi reservado à imprensa e outros apoiadores para o discurso da disputa pelo segundo turno. No entanto, o rumo das apurações não acompanhou as pesquisas de intenção de voto — divulgadas pelos institutos de pesquisa no decorrer da corrida ao Palácio dos Bandeirantes — e reduziu o clima de festa no lobby do hotel.
À medida que a apuração seguia e os votos paulistas se acumulavam ao candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos), os apoiadores petistas não escondiam o clima de tensão. “Vamos virar”, disse um aos jornalistas. Mas, com o passar das horas e a evolução da apuração, aquele entusiasmo de antes não se via mais nos corredores do hotel.
O sorriso deu lugar à tensão. A cerveja já não estava tão gelada e muitos trocaram a bebida pelo energético. Todos aguardavam o resultado e mais do que isso: tentavam entender (entre eles) o que houve, já que o resultado não condizia com os “institutos de pesquisa”.
O alívio só veio mesmo depois do resultado nacional, quando Lula passou à frente de Jair Bolsonaro (PL). Foi uma comemoração breve, porém, discreta, de poucos apoiadores. Àquela altura, já tinham percebido que o Estado de São Paulo escolheu nas urnas o candidato de Bolsonaro.
Diferentemente de outras “festas”, os minutos que seguiram foram silenciosos, a não ser pelo vai e vem de um ou outro. Quando Haddad desceu para fazer o discurso aos jornalistas, não houve comemoração, mas, sim aplausos discretos e contidos. Às 21 horas, Haddad falou aos apoiadores no auditório do hotel e cravou: “Chegamos a 36% dos votos e era menos do que almejávamos.” O recado foi dado à militância.
O candidato ao governo paulista disse aos jornalistas que “a migração do voto útil ocorreu a favor do bolsonarismo”. “A direita foi disciplinada e deu o recado”, admitiu.
Ao fim do discurso, Haddad respondeu a algumas perguntas dos jornalistas e o cronograma da festa foi desfeito. Com antecedência, a assessoria do candidato já havia divulgado que ele iria a pé com os militantes se encontrar com Lula. Sem clima para festa ou comemorações, Haddad preferiu pegar um carro e seguir 300 metros até o hotel onde estava seu padrinho político.
REVISTA OESTE