Manifesto foi levado por delegação de parlamentares em missão oficial, representando os 100 signatários do documento
Na foto, a deputada americana Marjorie Taylor Greene e o senador Magno Malta (PL-ES)
Deborah Sena
Como parte da programação de visita aos Estados Unidos, a delegação de deputados e senadores, em missão durante o feriado de proclamação da República, foi até o Congresso norte-americano para entregar carta assinada por 100 parlamentares para denunciar o avanço autoritário do cerceamento a liberdade de expressão no Brasil.
O documento também detalha a repercussão das ações do governo Lula sobre a política internacional, e informa que o afastamento da relação entre Brasil e Estados Unidos trouxe ao país consequências como o fortalecimento dos laços com ‘narcoterroristas’ em clara referência a Nicolás Maduro.
“Narcoterroristas internacionais procurados pelo Departamento de Justiça americano são recebidos com honras pelo presidente brasileiro, enquanto a China aumenta sua influência política e econômica em nosso país”, denunciam os deputados.
A Comissão está acompanhada pelo jornalista Paulo Figueiredo, atualmente asilado nos EUA, e conta com a presença de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Gustavo Gayer (PL-GO), capitão Alberto Neto (PL-AM), Altineu Cortês (PL-RJ), Júlia Zanatta (PL-SC), delegado Ramagem (PL-SC) e Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-SC). Uma visita à Corte Interamericana de Direitos Humanos também fez parte da programação.
De acordo com o manifesto entregue na tarde desta quarta-feira (15), o alinhamento com ditaduras comunistas têm sido acompanhado “por uma escalada na violação das liberdades civis dos brasileiros. Especificamente, esses abusos variam desde a perseguição de cidadãos comuns, jornalistas e juízes por suas crenças políticas e o exercício da liberdade de expressão”.
Confira a íntegra da carta:
Prezados Estimados Colegas do Congresso dos Estados Unidos,
Desde o alvorecer de nossas nações, Brasil e Estados Unidos da América embarcaram em jornadas únicas, porém paralelas, unidos em sua luta pelo autogoverno contra o domínio estrangeiro e se destacando como faróis colossais de paz em todo o hemisfério e o mundo.
Nossas nações serviram como santuário e consolo para os pobres, perseguidos e fracos de todos os cantos do globo, que encontrariam em nossos países a promessa do Novo Mundo, um refúgio onde poderiam forjar seu futuro em liberdade e alegria. Nossas nações lutaram lado a lado para libertar a Europa e o mundo das garras do totalitarismo fascista.
Nossas nações dedicaram suas melhores mentes diplomáticas à criação de um fórum estável e aberto onde todos os países possam se reunir e resolver conflitos com soberania, paz e justiça.
Nossas nações permaneceram fortes por décadas contra — e finalmente derrotaram — a ameaça de outra forma de totalitarismo que jogou quase metade da humanidade atrás de uma cortina escura, onde a liberdade individual e a prosperidade eram apenas lembranças distantes.
Nossas nações criaram, através do suor de nosso povo e da riqueza de nossas terras, o período mais longo de abundância na história humana, contribuindo para combater a fome em todos os lugares. Como Representantes democraticamente eleitos do povo brasileiro, sentimos um imenso orgulho pelas aspirações compartilhadas que unem nossas nações.
Os valores que inspiraram a própria criação de nossa República foram claramente influenciados pelas realizações de seus Pais Fundadores: “a cidade reluzente sobre uma colina” sempre iluminou nações livres como a nossa. Apesar de tudo o que foi dito acima, em poucos — mas longos e dolorosos — momentos da história, o Brasil lamentavelmente se desviou de nossos ideais fundadores comuns.
Como Representantes do Povo Brasileiro, vemos sinais preocupantes de que um novo ponto de virada nessa sombria direção possa ter sido alcançado por nossa atual administração e, portanto, sentimos a urgência e a responsabilidade de soar o alarme. Esta é a razão pela qual lhes escrevemos esta carta.
Observamos um distanciamento entre nossos países e uma crescente divergência nos ideais que nossas nações tradicionalmente compartilharam. Recentemente, vimos o Presidente do Brasil fazer ataques públicos e gratuitos aos Estados Unidos e uma obsessão em enfraquecer o dólar como moeda de reserva internacional através dos BRICS e do Mercosul. Esse distanciamento dos Estados Unidos é acompanhado por um alinhamento com ditaduras comunistas como Venezuela, Cuba e China.
Narcoterroristas internacionais procurados pelo Departamento de Justiça americano são recebidos com honras pelo presidente brasileiro, enquanto a China aumenta sua influência política e econômica em nosso país.
O distanciamento dos Estados Unidos e o alinhamento com ditaduras comunistas têm sido acompanhados internamente por uma escalada na violação das liberdades civis dos brasileiros. Especificamente, esses abusos variam desde a perseguição de cidadãos comuns, jornalistas e juízes por suas crenças políticas e o exercício da liberdade de expressão; até a minar a liberdade de imprensa; até a violação do sistema acusatório, um pilar dos princípios legais ocidentais; e o descaso flagrante pela imunidade parlamentar legal.
O nível de instrumentalização do sistema judicial para perseguição política não tem paralelo em qualquer outro lugar do mundo. Temos certeza de que vocês observaram a escalada da situação, já que um número crescente de jornalistas, comediantes, juízes e até cidadãos comuns brasileiros estão atualmente buscando asilo político nos Estados Unidos.
Portanto, foi com extrema surpresa e decepção que, graças a uma reportagem publicada no Financial Times em 21 de junho de 2023, intitulada “The discreet US campaign to defend Brazil’s election” [“A discreta campanha americana para defender as eleições do Brasil”], descobrimos que a administração Biden pode ter interferido silenciosamente com os líderes políticos e militares de nosso país, o que acabou garantindo a eleição de Lula da Silva. Essa revelação causou considerável preocupação entre o povo brasileiro, que valoriza sua soberania e a integridade de seus processos democráticos.
Também nos deixou bastante intrigados sobre a motivação da interferência do atual governo dos EUA em favor de um presidente que claramente contradiz os interesses americanos.
Como Representantes do Povo Americano, sabemos que vocês desempenham um papel fundamental nos freios e contrapesos das ações do Poder Executivo. Portanto, pedimos gentilmente que as informações relatadas pela publicação de jornal mencionada sejam apuradas e se, de fato, a atual administração dos EUA tem trabalhado para influenciar eleições em nações amigas de uma maneira que, em última análise, contradiz os interesses e valores americanos.
Em conclusão, pedimos a vocês, nossos estimados colegas, que trabalhem para restaurar os laços que unem nossas nações e prestem atenção à situação que se desenrola no Brasil. Acreditamos que, por meio do entendimento e cooperação mútuos, podemos navegar por esses tempos turbulentos e garantir a liberdade e prosperidade contínuas de nossas nações. Que o destino de nossos dois países permaneça entrelaçado em paz e liberdade.
Os caminhos que trilhamos podem ser únicos, mas que permaneçam harmoniosos e paralelos, levando aos mesmos ideais compartilhados de liberdade, paz e prosperidade.
DIÁRIO DO PODER