Mael Vale
A oposição na Câmara dos Deputados reagiu nesta quarta-feira (19), em entrevista coletiva no Salão Verde da Casa, sobre a denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de golpe de Estado.
O líder da oposição na Câmara, deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), afirmou que a medida é uma “articulação do sistema para matar Bolsonaro politicamente”.
O parlamentar afirmou ainda que o Brasil vive sob censura e apelou à organizações internacionais para acompanharem essa situação.
“Não podemos nos calar. É nosso dever denunciar ao mundo o que está acontecendo no Brasil. Apelamos às organizações internacionais de defesa dos Direitos Humanos, à imprensa independente e a todas as nações que prezam pela democracia, para que voltem os olhos ao nosso país e pressionem as autoridades responsáveis. O momento exige coragem e união”, destacou.
Para Zucco, o Brasil enfrenta uma ditadura constitucional.
“Nossa luta não é apenas por um grupo específico, mas pelo direito de todos os brasileiros viverem em uma sociedade em que a liberdade não seja uma concessão do Estado, mas um direito inalienável. Hoje, a perseguição é contra a direita conservadora; amanhã, quem será o próximo? Esse autoritarismo, esta ditadura constitucional que se instala sob o disfarce da legalidade, precisa ser parada”, ponderou.
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), também estava presente na coletiva com os deputados federais opositores ao governo Lula (PT).
De acordo com a oposição, não há provas concretas dos supostos crimes apresentados pela PGR.
A denúncia da PGR
Na noite desta terça-feira (18), a PGR apresentou uma denúncia contra Bolsonaro. Entre as acusações estão: “golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, liderança de organização criminosa armada, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União”.
De acordo com a procuradoria, o ex-presidente liderou uma organização que tentou desestabilizar a democracia brasileira. Foi apontado ainda que, Bolsonaro “tinha conhecimento de um plano para assassinar o presidente Lula (PT) em 2022 e concordou com essa trama”.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, detalhou uma reunião ocorrida em 14 de dezembro de 2022, na qual uma versão revisada de um “decreto golpista” foi apresentada pelo general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira aos comandantes das Forças Armadas, com ajustes feitos por Bolsonaro.
Também foram denunciados pela procuradoria outras pessoas, incluindo o ex-ministro e ex-vice na chapa de Bolsonaro, o general Braga Netto; e o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid.
Veja a lista dos denunciados:
1. Ailton Gonçalves Moraes Barros;
2. Alexandre Rodrigues Ramagem;
3. Almir Garnier Santos;
4. Anderson Gustavo Torres;
5. Angelo Martins Denicoli;
6. Augusto Heleno Ribeiro Pereira;
7. Bernardo Romão Correa Netto;
8. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha;
9. Cleverson Ney Magalhães;
10. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira;
11. Fabrício Moreira de Bastos;
12. Filipe Garcia Martins Pereira;
13. Fernando de Sousa Oliveira;
14. Giancarlo Gomes Rodrigues;
15. Guilherme Marques de Almeida;
16. Hélio Ferreira Lima;
17. Jair Messias Bolsonaro;
18. Marcelo Araújo Bormevet;
19. Marcelo Costa Câmara;
20. Márcio Nunes de Resende Júnior;
21. Mário Fernandes;
22. Marília Ferreira de Alencar;
23. Mauro César Barbosa Cid;
24. Nilton Diniz Rodrigues;
25. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho;
26. Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira;
27. Rafael Martins de Oliveira;
28. Reginaldo Vieira de Abreu;
29. Rodrigo Bezerra de Azevedo;
30. Ronald Ferreira de Araújo Júnior;
31. Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros;
32. Silvinei Vasques;
33. Walter Souza Braga Netto;
34. Wladimir Matos Soares.
DIÁRIO DO PODER