O próprio PSDB já cava a “sepultura” de João Doria

Politica

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sofreu uma derrota junto ao partido. É que a comissão designada pela sigla para definir o calendário e o modelo das prévias que escolherão o candidato do partido à Presidência em 2022 agendou a data da disputa para o dia 21 de novembro e optou por um modelo de eleição indireta. A decisão ainda precisa ser aprovada e a executiva vai se reunir, nesta terça-feira (1), para discutir o documento.

Aliados de Doria querem que o voto para o candidato do partido seja uma opção para todos os filiados, porque sabem que São Paulo possui 301 mil filiados. Porém, a cúpula do PSDB não enxerga João Doria como a melhor escolha e, tanto a executiva quanto as bancadas do partido na Câmara e no Senado acreditam que ele está em desvantagem com relação a outras alternativas. A decisão oficial será anunciada no dia 8.

Além de Doria, três nomes se apresentaram como possibilidade aos tucanos: Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

“A comissão conseguiu ajustar um modelo que dá equilíbrio federativo, contemplando também o tamanho que o partido tem nos Estados”, afirmou Eduardo Leite.

O PSDB fará “consultas primárias” a partir de quatro grupos: Grupo I (filiados); Grupo II (prefeitos e vices); Grupo III (vereadores, deputados estaduais e distritais); Grupo IV (governadores, vices, ex-presidentes e o atual da Comissão Executiva Nacional do PSDB, senadores e deputados federais). Todos terão peso unitário de 25% do total de votos (observada a proporcionalidade).

O secretário-geral do PSDB, César Gontijo, chamou o processo de “excrescência” e disse que o modelo não é democrático.

“O voto de cada deputado vai valer o mesmo que 35 mil filiados. A democracia é cada pessoa um voto. Isso não são prévias, mas uma consulta qualificada”, reclamou. O PSDB tem 1,3 milhão de filiados, mas parte do cadastro está desatualizada.

“Isso é uma grosseria, uma bobagem. Todos chegaram onde estão pelo voto direto e representam milhões de eleitores. É uma fantasia achar que o PSDB tem quase 1,4 milhão de filiados. No Rio e em outros Estados, o PSDB se fragilizou muito”, criticou o ex-senador José Aníbal.

De todos os modos, pelo menos um embate Doria ganhou: ele conseguiu que as prévias do partido fossem feitas ainda este ano, e não em 2022, como queria o partido.

Apesar da vitória, a verdade é que o PSDB não está homogêneo nem mesmo dentro do partido. A ala próxima ao Governo Federal, por exemplo, prega que a legenda não tenha candidato próprio ao Planalto. O outro lado da trincheira, no entanto, os dirigentes tucanos garantem que Tasso é quem tem maior apoio na bancada e mais força para enfrentar Doria pelo modelo apresentado. O governador paulista até era tido como “candidato natural” do partido, mas entrou, protagonizou atritos internos e entrou em rota de colisão com “tubarões”; o que antecipou a possível sucessão dele na disputa de 2022.

É isso que dá querer ser “estrelinha”.

Deixe uma resposta