Ficou muito claro na última sessão ordinária da Câmara de Vereadores, que o querer nem sempre é poder. Tudo porque a sociedade organizada, quando se mobiliza para protestar contra uma medida de controle social e se comporta com o devido respeito, leva consigo uma força de opinião representativa, que não é de bom alvitre tentar desafiá-la.
Corria o boato que seria apresentado para votação entre os pares, um Projeto de Lei determinando a obrigatoriedade do passaporte sanitário. Por se tratar de um instrumento sem qualquer utilidade científica, considerado pelos que percebem como mais um dispositivo de controle social imposto por um sistema que pretende tomar o poder não pelo voto, mas pela força, a comunidade barreirense ocupou o plenário da Câmara.
Em silenciosa manifestação onde apenas os cartazes de repúdio estavam expostos, essa expressiva quantidade de pessoas que visivelmente não estava ali por força de pão com mortadela, muito menos predisposta a fazer pressão com baderna, representava as cabeças pensantes de uma sociedade que não quer ser oprimida por falsos representantes do povo.
Foi lida a pauta dos trabalhos e proposituras, mas o tal Projeto de Lei não foi citado. Muito menos o autor desse instrumento de controle de massa se dignou a aparecer. Todavia, o inesperado aconteceu. Vereadores que fizeram uso da palavra apelaram para o bom censo e se declararam contrários ao indesejável passaporte sanitário.
Os que não se expressaram de forma clara, tiveram o cuidado de declarar que os projetos de lei não são votados a “toque de caixa” e que são amplamente discutidos para, então, entrarem em votação. Porem, não é assim que as coisas acontecem, pois por imposição do gestor municipal toda a comunidade está careca de saber que a tal “urgência urgentíssima”, tem sido a mola propulsora que determina aos “excelentíssimos” votarem sem ao menos ler o teor dos projetos.
Mas como todos devem saber, de que quem tem “aquilo”, tem medo. Na frente dos formadores de opinião, determinados a acompanhar os trabalhos da Câmara, atentos ao que de fato acontece, foi bem melhor não desafiá-los. Afinal, o risco quase certo de que muitos ocuparão apenas um mandato é obvio ululante. Mesmo porque, não estão defendendo os interesses do povo, mas sim se submetendo aos devaneios eleitoreiros do poder executivo. Na perpetuação e manutenção de poder de uma oligarquia de um município vizinho, que por força do voto inconsciente se estabeleceu no poder. Ou seja, a imposição tem limites.
Passado o momento de tensão, ficou evidente e deve servir de lição para todos que na Casa no Povo é o povo quem manda. Ou os ilustres estavam esquecidos que o poder emana do povo?