O desemprego voltou a aumentar, as montadoras começaram a dar férias coletivas e o preço dos combustíveis subiu
O presidente Lula voltou a falar da picanha, sua grande ideia estratégica para governar o Brasil — mas agora, ao contrário das promessas vazias que fez quando pedia votos na campanha eleitoral, foi para tentar explicar por que a picanha não veio. Não veio porque não poderia mesmo ter vindo, pois se trata de uma óbvia questão de produção e de renda, e não de um desejo. Mas Lula, como de costume, continua a mentir sobre este e quaisquer outros assuntos. Segundo ele, a picanha virá logo mais; esperem só um pouquinho, e ela estará aí. “O preço vai cair”, anunciou o presidente. “Tem de cair”. É mesmo? E o que o seu governo está fazendo para que o preço caia? Nada. Na verdade, está fazendo exatamente o contrário, com a guerra ao produtor rural, a obsessão de “ajudar os pobres” através do aumento da inflação (segundo Lula e os economistas de esquerda, inflação é coisa muito boa para o pobre) e a inépcia cada vez mais agressiva do seu governo.
Lula, naturalmente, não disse uma sílaba sobre o dinheiro que o cidadão precisa para comprar carne ou qualquer outra coisa; não tem nenhuma preocupação com isso, dentro do seu projeto permanente de governar o país através de discursos que não guardam, nunca, o menor ponto de contato com a realidade. O preço atual da picanha no açougue, que “tem de cair”, está hoje por volta de R$ 70 reais; é metade, simplesmente, do que custa nos Estados Unidos, e menos ainda na Europa. Não é o preço que está alto. É que o consumo de carne depende de quanto as pessoas têm no bolso; no Brasil a maioria tem pouco, e por isso consome pouco. O presidente continua se exibindo como o campeão mundial da “picanha para o povo”, mas, na prática, as coisas correm na direção inversa — pois, entre outras coisas, a renda corre na direção inversa. O aumento do salário mínimo que ele assinou há pouco (e que nos discursos da campanha iria ser o maior da “história desse país” etc. etc. etc.) foi de R$ 18 por mês. Com a picanha a R$ 70 o quilo, dá para comprar 250 gramas a mais por mês, ou menos de 10 gramas por dia. Isso mesmo: 10 gramas. É um deboche. É, também, a quantas anda na vida real a grande promessa — segundo o próprio Lula, um golpe genial de esperteza política — que ele fez durante a campanha.
Em menos de 90 dias, o governo Lula está oferecendo à população uma sequência de desastres que chega a ser incompreensível — como é possível alguém fazer um governo tão ruim, e em tão pouco tempo? O desemprego já voltou a subir, depois de cair durante quase um ano inteiro. O crescimento econômico, segundo as organizações internacionais, vai ser menor em 2023. Como, segundo Lula, o Brasil não “cresceu nada” em 2022, onde vamos estar no fim deste ano? As montadoras voltam a dar férias coletivas, como fizeram no tempo da covid-19; tiveram, em fevereiro, o pior mês dos últimos 17 anos. O preço dos combustíveis subiu — o que, segundo o governo, é bom para “o meio ambiente” ou outro disparate do mesmo tipo. O imenso projeto de “âncora fiscal” do ministro da Economia não é nada; querem, exclusivamente, achar um jeito de gastar mais — esta, sim, a única ideia econômica de Lula e do seu governo. O culpado de tudo o que está acontecendo de ruim, porém, não é ele. É o presidente do Banco Central, a única alta autoridade que Lula não nomeou, porque a lei não permite, e a única que entende alguma coisa de economia no governo. O PT está em campanha aberta para que ele tenha de deixar o cargo; é a sua explicação, no momento, para a calamidade que o governo contratou. O problema, é óbvio, só iria ficar dez vezes maior se ele saísse. Mas é o que interessa no momento para Lula: acusar alguém, pouco importando se a acusação faz qualquer sentido. E o futuro? Tanto se lhe dá, o futuro. Tem certeza de que não vai sofrer as consequências de nada do que está fazendo.
REVISTA OESTE