A própria Viviane por muito pouco não acabou entrando na trágica estatística de vítimas dos deslizamentos de terça-feira. Pouco depois do início das chuvas, ela recebeu uma ligação de uma filha, que mora em uma casa ao lado, informando sobre uma infiltração de água no terceiro andar. Depois, uma outra filha, que mora com ela, relatou que a água começava a entrar por todos os lados da casa onde estavam.
“Toquei na parede do quarto e fez um buraco. Depois, o buraco ficou maior. Pensei: ‘A minha casa vai cair’. Saí gritando para todo mundo sair de casa”, narrou. “Corremos até o portão, e quando começamos a descer a rua a gente viu uma pedra rolar morro abaixo. Comecei a bater na porta do vizinho, pedindo socorro. Ele me deixou entrar. Fui até a varanda do lado da casa dele e vi todo o estrago.”
Perto dali, Yasmin Kenner Narciso Pereira, de 26 anos, viveu um drama semelhante. “Começou a chuva e logo depois começamos a ouvir o barulho de pedras rolando morro abaixo. Vimos casas sendo derrubadas. Ouvimos pedidos de socorro, ajuda. Foi desesperador”, contou.
Ao todo, 12 pessoas da família que moravam em três casas no mesmo terreno tiveram de abandonar tudo. Desde aquela noite, elas estão abrigadas na Paróquia Santo Antônio. “A gente recebe almoço, café da manhã e lanche da tarde. Estamos muito bem cuidados. Mas a gente sente muita falta de casa. Falta a nossa casa”, lamentou.
Como quase todos que perderam suas moradias com os deslizamentos, Yasmin também vive a angústia de não saber o que aconteceu com muitos de seus vizinhos. “O vizinho de cima, infelizmente, acharam o corpo dele. Uma outra ficou presa nos escombros, e acabou que ninguém conseguiu ajudar ela naquele dia. É bem complicado isso tudo, mas a esperança a gente sempre tem”, assinalou.
O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB), disse logo após encontro com o presidente Jair Bolsonaro que a cidade tem como principal prioridade o resgate das vítimas, mas assinalou a importância de desobstruir as vias para facilitar o trabalho de todos, até de reconstrução.
“Num primeiro momento, nossa maior prioridade são as frentes de trabalho de resgate às vítimas. Num segundo momento, já concomitante, liberar as principais artérias do município para poder manter e garantir os serviços essenciais, como retorno da luz, coleta de lixo, transporte público e, também, poder acolher todas as vítimas e seus familiares”, comentou Bomtempo. Na sexta-feira, o trabalho de limpeza das vias se intensificou, em especial na região do centro histórico da cidade de Petrópolis.