O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as relações diplomáticas entre o Brasil e Portugal vivem um momento excepcional. Nos últimos anos, os dois países se distanciaram muito, reflexo do desinteresse do governo anterior em se manter próximo de parceiros estratégicos.
Num tom um tanto irônico, Lula afirmou que, “daqui a pouco, o número de brasileiros em Portugal será maior do que o da população portuguesa”, dado o grande fluxo de cidadãos do Brasil para o país europeu.
Especialistas apontam que, em até cinco anos, a comunidade brasileira em território luso passará de 1 milhão de pessoas, o correspondente a 10% da população portuguesa. Hoje, estima-se que, incluindo aqueles que têm dupla cidadania, os brasileiros somem entre 600 mil e 700 mil.
“Se, em 1500, Portugal descobriu o Brasil, em 2023, o Brasil descobriu Portugal, ou seja, pela quantidade de brasileiros que Portugal tem hoje, daqui a pouco será em maior número do que a população portuguesa”, disse Lula.
O último dado oficial disponibilizado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), de dezembro de 2022, mostra que havia 239,1 mil brasileiros legalizados em Portugal. Mas, somente de março para cá, mais de 100 mil cidadãos nascidos no Brasil obtiveram autorização de residência por meio de um mecanismo on-line disponibilizado para pessoas de países da Comunidade de Língua Portuguesa (CPLP).
O governo português têm facilitado muito a vinda de brasileiros para Portugal para suprir, sobretudo, a escassez de mão de obra em vários setores da economia. Mas tem atraído, também, empresários, investidores e aposentados.
Lula, que participou, em Bruxelas, da reunião de cúpula entre a União Europeia e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), ressaltou que tentou, mas não conseguiu marcar uma conversa com o primeiro-ministro português, António Costa.
Antes de deixar Bruxelas, no entanto, António Costa ressaltou a importância de Portugal e do Brasil aproximarem a União Europeia dos países do Mercosul. Para ele, o acordo entre os dois blocos deve ser assinado o quanto antes. Lula acredita que será possível fechar o tratado ainda neste ano.
CORREIO BRAZILIENSE