Primeiros estudos mostram que cepa BQ.1, em circulação no Brasil, escapa da proteção com duas doses de imunizantes
Especialistas da área de saúde voltaram a ficar atentos a um possível crescimento de casos da Covid-19. O alerta surgiu após a identificação da nova variante da Ômicron (BQ.1.1), que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), já circula por 29 países, sobretudo na União Europeia, e provocou a retomada das medidas de isolamento em algumas cidades da China.
No Brasil, a nova cepa foi identificada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), e pelo menos cinco casos dessa nova variante foram registrados (dois em São Paulo, um no Rio de Janeiro, um no Amazonas e um no Rio Grande do Sul). A morte de um dos pacientes infectados na capital paulista foi confirmada nesta quarta-feira (9). Os cientistas, no entanto, suspeitam que a BQ.1.1 pode estar por trás do repentino aumento do número de casos de Covid-19 no início deste mês, em capitais como Rio de Janeiro, Recife, Goiânia, Manaus e São Paulo, conforme o próprio Ministério da Saúde.
As primeiras análises mostram que a nova cepa tem a capacidade de “driblar” o bloqueio imunológico em pessoas que tomaram as primeiras doses da vacina anti-Covid, mas ainda não receberam as duas doses de reforço. De acordo com o médico infectologista Matheus Todt Aragão, professor do curso de medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), essa subvariante do vírus Ômicron pode escapar dos anticorpos presentes em pessoas que já tiveram Covid-19 e nas vacinadas.
“Por enquanto, nada mostra que essa variante cause doença mais grave; porém, ela pode gerar um aumento no número de casos, principalmente entre as pessoas que não se vacinaram adequadamente. A vacinação adequada confere alguma proteção, mas mesmo aqueles que tomaram todas as doses da vacina têm risco de adoecer’, esclarece Todt.
As próprias autoridades de saúde têm recomendado que a população procure tomar as doses de reforço da vacina contra a Covid-19, o que é indicado para aumentar a imunidade e preparar o organismo para se proteger das variantes. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 100 milhões de brasileiros já tomaram a primeira dose de reforço e mais de 35,5 milhões já se vacinaram com a segunda dose de reforço.
O professor Todt considera que o risco de recrudescimento da pandemia por causa dessa nova variante do coronavírus é “teórico”. “No entanto, como a vacinação atual confere alguma proteção contra essa variante, quanto maior o percentual de imunizados, menor o risco de agravamento da pandemia”, disse ele, e enfatizou a orientação para que a população complete as doses de reforço das vacinas contra a Covid.
Outra recomendação é que a população mantenha o hábito de higienizar bem as mãos com água e sabão ou com álcool em gel. O uso de máscara também é indicado para pessoas que têm alguma imunodeficiência ou doença respiratória.
R7