Senadora criticou ‘corporativismo’ que protege Alexandre de Moraes
Deborah Sena
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) pediu a colaboração de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para contrariar as ações do ministro Alexandre de Moraes, pivô do escândalo apelidado de Vaza Toga, em que supostamente ordenava a fabricação de relatórios do TSE, com direcionamento de teor, para embasar suas decisões. A ex-ministra dos Direitos Humanos, usou expressões emblemáticas, como: “o fruto da árvore está envenenado”, “o rei está nu” e “Nero enlouqueceu”.
O governo de Nero sobre Roma é frequentemente ligado à opressão, ditadura e ao excesso. O imperador é lembrado por ordenar diversas execuções, incluindo a de sua própria mãe e de seu meio-irmão, e pela visão amplamente difundida de que, enquanto Roma queimava, ele tocava sua lira. Nero foi acusado de ter provocado o incêndio, considerado uma das maiores tragédias da antiguidade. Nero também ficou conhecido como um feroz perseguidor de cristãos.
“Vejam o tamanho do poder que colocamos nas mãos de uma só pessoa. Com esse poder, ele manda investigar quem protesta publicamente contra a atuação dele, e manda produzir provas para prender seus adversários”, afirmou a parlamentar.
Ainda em apelo à colaboração de agentes público para ‘frear’ ações de Moraes, Damares provocou que não se pode deixar ‘um jornalista do exterior [Gleen Greenwald]’ fazer mais pelo Brasil do que as autoridades locais.
“Percebam o efeito eleitoral que tudo isso produziu e continua a produzir. Candidatos da direita continuam sendo alvo desses inquéritos presididos por esse juiz. O inquérito é conduzido com o objetivo de incriminar quem o ministro desejar”, ponderou.
A senadora exortou em fala enderençada aos magistrados: “eu gostaria de desafiá-los para a gente romper esses corporativismo, para que a gente passe o Brasil a limpo de verdade. Há um corporativismo de proteção. Rompam, ministros. Não deixem um jornalista do exterior fazer pelo Brasil o que os ministro do Supremo podem fazer agora”.
Damares também sensibilizou ao lembrar que a postura do ministro Alexandre de Moraes, que ignorou parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) pela soltura de Cleriston Pereira da Cunha, o Clerzão, resultou na morte do comerciante, que sequer esteve na esplanada dos Ministérios no horário da depredação dos prédios públicos. “Mas as verdades estão vindo à tona. O rei está nu”, insistiu.
Nesta terça-feira (20), o discurso de Damares fez coro aos protestos de outros parlamentares, que se opõem às investidas do Executivo e do Judiciário sobre o Congresso. A oposição questiona se a democracia ainda existe no Brasil, enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defende que o acordo ‘pacificado’ com os demais Poderes sobre a viabilidade de emendas impositivas é sim uma demonstração democrática.