Após a montadora Tesla registrar uma queda de 71% no lucro líquido no primeiro trimestre de 2025, Elon Musk anuncia que vai dedicar menos tempo ao cargo que ocupa no governo dos Estados Unidos. A decisão vem em meio à crescente insatisfação dos investidores, que atribuem parte do desempenho negativo da montadora à atuação política do bilionário.
“Provavelmente no próximo mês, em maio, meu tempo dedicado ao Doge [Departamento de Eficiência Governamental dos EUA] cairá significativamente”, afirmou Musk. E a participação no comitê passará a ser limitada a um ou dois dias por semana. A notícia impulsionou as ações da Tesla, que dispararam 13% no mercado pós-fechamento.
O Doge é um órgão criado pelo presidente Donald Trump para revisar gastos públicos e propor reformas administrativas. Musk tem atuado como chefe do comitê, o que provocou críticas de acionistas preocupados com seu afastamento da Tesla e com os efeitos negativos desse envolvimento na imagem da empresa.
“Embora o atual cenário tarifário tenha um impacto relativamente maior em nosso negócio de energia em comparação com o automotivo, estamos tomando medidas para estabilizar o negócio a médio e longo prazo e focar na manutenção de sua saúde”, informou a Tesla em seu relatório de lucros.
O balanço do primeiro trimestre mostra que a Tesla reportou lucro líquido de US$ 409 milhões, bem abaixo dos US$ 1,4 bilhão do mesmo período de 2024. O lucro ajustado caiu para US$ 934 milhões. A receita também sofreu retração de 9%, fechando em US$ 19,3 bilhões, valor inferior às previsões dos analistas, que estimavam US$ 21,4 bilhões.
A queda no desempenho é atribuída à linha de produtos considerada pouco atrativa e à reação negativa de consumidores diante da crescente associação de Musk com a política americana. No início do mês, a Tesla já havia revelado uma redução de 13% nas entregas de veículos no trimestre, registrando seu pior desempenho desde 2022.
Além disso, a Tesla perdeu a liderança global de vendas de veículos elétricos para a fabricante chinesa BYD. O valor das ações da empresa caiu pela metade desde o pico registrado em dezembro de 2024. Elon Musk afirmou que continuará colaborando com o governo Trump até o “restante do mandato”, mas garante que a Tesla receberá agora a maior parte de sua atenção.