MST invade Incra de AL e quer tirar comando do primo de Lira

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Primo do presidente da Câmara, Arthur Lira, é o superintendente do Incra de Alagoas

Lula em assentamento do MST Foto: Ricardo Stuckert

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram, nesta segunda-feira (10), a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Maceió, Alagoas, para exigir a exoneração do superintendente do órgão, César Lira. Eles alegam que Lira, primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é “bolsonarista raiz” e querem em seu lugar o engenheiro José Ubiratan Rezende Santana, simpatizante do movimento. Os quatro andares do prédio foram ocupados. Os funcionários foram dispensados.

A ação, que faz parte do Abril Vermelho, jornada nacional do movimento, mobilizou mais de mil militantes organizados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), incluindo outros grupos, como a Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) e Movimento Terra Livre (MTL), entre outros.

– É inaceitável a continuidade de uma gestão bolsonarista. Por que o governo Lula mantém por tanto tempo [mais de 100 dias de governo] um superintendente inimigo da reforma agrária e com um histórico de violência junto a lideranças e comunidades? – questiona nota publicada no site do MST.

Desde a retomada das invasões, em fevereiro deste ano, com a ocupação de três fazendas da Suzano, o movimento vem pressionando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por mais influência em órgãos ligados à questão agrária. Na época, a demora do presidente em preencher os cargos levou o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues, a afirmar que a indefinição acendia “a luz amarela”. Passados 100 dias do governo Lula, há superintendências do Incra com cargos de comando vagos em 17 estados.

Além da mudança em Alagoas, o MST quer a troca no comando das superintendências de Santa Catarina, atualmente ocupada por Nilton Tadeu Garcia, e do Amapá, exercida por Fábio da Silva Muniz. Como Lira, eles foram nomeados no governo Temer e mantidos por Bolsonaro.

– Desde janeiro buscamos junto ao deputado Paulo Fernandes (PT) e ao ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, a nomeação do servidor do Incra SR22-AL, José Ubiratan Rezende Santana, como o novo superintendente do Incra em Alagoas – diz a nota.

O texto relata que, em 26 de janeiro, enviou nota ao diretório do PT em Alagoas solicitando a “imediata exoneração” de Lira e a nomeação de Ubiratan. Correspondência com o mesmo teor foi enviada no dia 2 de fevereiro ao ministro Teixeira. A pressão continuou: “Diante da morosidade do governo Lula”, segundo a nota, novo pedido foi encaminhado ao Incra no dia 29 de março.

– Ocupamos e exigimos que o ministro Paulo Teixeira tome as providências administrativas, retome a pauta da reforma agrária, assuma a melhoria das estruturas das áreas reformadas e apoie a produção de alimentos sadios – acrescenta.

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