MP arquiva lorota de Renan acusando Lira de ‘interferir’ na PF

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Senador tentava mudar chefia da PF, após operação que apreendeu R$ 145 mil com seu aliado que preside Assembleia

Renan Calheiros reagiu contra operação da PF que apreendeu R$ 145 mil com deputado Marcelo Victor. Foto: Arquivo/Divulgação

O Ministério Público Eleitoral arquivou a representação em que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) tentava tirar a delegada Juliana de Sá Pereira do comando da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas, que ele acusou de agir sob interferência do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em operação por suspeitas de crime eleitoral, na sexta-feira anterior ao 1º turno das eleições. Renan reagiu contra a ação policial que apreendeu R$145 mil em espécie com seu aliado e presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Marcelo Victor (MDB), em um hotel de luxo de Maceió.

A representação de Renan foi arquivada porque o MP Eleitoral concluiu que não houve abuso na atuação da PF ao abordar o Marcelo Victor, na operação que o senador tratou como uma suposta ação para macular a imagem de seu aliado a pedido de Arthur Lira. Pelo contrário, o procurador Regional Eleitoral Antônio Henrique de Amorim Cadete considerou que a atuação funcional da Polícia Federal foi irrepreensível. No episódio, um oficial militar que assessora o presidente da Assembleia chegou a apontar uma arma para um policial federal, ao fugir do hotel com uma grande mala suspeita de conter mais dinheiro.

O MP Eleitoral também frustrou o desejo de Renan de abrir investigação para tentar provar que a Polícia Federal teria abusado de seu poder de autoridade e que Arthur Lira teria abusado de seu poder político ao fazer o cerco a Marcelo Victor, quando este contava dinheiro em sacos de lixo sobre a mesa do restaurante do Hotel Ritz, na orla de Cruz das Almas. A representação arquivada também acusava a PF de usar de forma abusiva os canais oficiais de comunicação social, ao divulgar nota oficial confirmando a operação, em prejuízo deputado Marcelo Victor, que concorreu e foi reeleito para um novo mandato.

“Não vislumbro, entretanto, qualquer indício de que os referidos abusos tenham ocorrido, tampouco vislumbro diligências úteis a serem empreendidas com a finalidade de fazer prova dos referidos abusos a viabilizar o ajuizamento da AIJE, especialmente considerando todas as circunstâncias analisadas na presente manifestação. Quanto ao primeiro requerimento formulado pelo representante (troca do comando da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas) entendo que nenhuma medida deva ser adotada pela Procuradoria Regional Eleitoral no âmbito eleitoral, seja extrajudicialmente, seja judicialmente, já que no meu entendimento a atuação funcional da Polícia Federal foi irrepreensível”, conclui a decisão do MP Eleitoral, assinada pelo procurador Cadete.

Documentos e R$ 145 mil foram apreendidos com Marcelo Victor na véspera do 1º turno.

Lixo e bizarrice

Em sua representação, Renan disse que seria “bizarra a alegação de que se estaria diligenciando para apurar suposta compra de votos em tal contexto fático” uma vez que “se tratava de um restaurante, localizado dentro de um Hotel, local público e de grande circulação de pessoas, durante o dia, no meio de vários hóspedes, funcionários e clientes”.

Mas o procurador eleitoral destacou que “bizarra seria a conclusão de que consubstancia situação de ‘normalidade’ a entrega de sacos de lixo em mesa de restaurante à pessoa que, em seguida, oculta o saco de lixo por sob a roupa para com ele sair clandestinamente do local”.

Renan e Marcelo Victor seguem em campanha para reeleger o afilhado político de ambos, Paulo Dantas (MDB), que disputando o 2º turno ao governo de Alagoas, após ser afastado do cargo de governador pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao ser alvo da Operação Edema, na semana passada, sob a suspeita de que o gestor afastado teria comandado um esquema de corrupção que desviou R$ 54 milhões dos cofres públicos, através de 93 funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa.

DIÁRIO DO PODER

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