Em depoimento à Justiça Federal do Distrito Federal nesta segunda-feira (17), o ex-juiz Sergio Moro afirmou que as mensagens hackeadas dos integrantes da Operação Lava Jato foram usadas “de maneira sensacionalista” para anular condenações de corrupção.
Ele não mencionou casos concretos, mas ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) fizeram referências a elas em recente julgamento que concluiu pela parcialidade do ex-juiz no processo do caso tríplex de Guarujá (SP) –que resultou na primeira condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Lava Jato, anulada neste ano pela corte.
“As mensagens foram utilizadas de maneira sensacionalista para buscar interromper investigações contra crimes de corrupção e anular condenações de pessoas que se envolveram em crimes de corrupção”, disse Moro.
O ex-juiz foi ouvido na condição de testemunha na ação penal da Operação Spoofing, que investigou e prendeu os responsáveis pela invasão hacker a aparelhos de agentes públicos, incluindo os procuradores da força-tarefa da Lava em Curitiba.
Moro defendeu o trabalho da operação. “Tudo que foi feito na Lava Jato foi feito conforme a interpretação da lei”, afirmou o ex-juiz.
Ele disse que usou o Telegram até 2017 e desistiu por não considerar o aplicativo confiável. Enquanto usou o aplicativo, afirmou que trocou mensagens “sem qualquer mancha de irregularidade e sem qualquer espécie de assunto ilícito”.
Na audiência, realizada pela 10ª Vara de Brasília, Moro, que foi ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro, foi questionado pela defesa de um dos réus sobre eventual influência no trabalho dos investigadores da PF responsáveis pela apuração.
“Nunca foi feita gestão alguma da minha parte para influenciar neste caso ou na Polícia Federal”, disse. “O delegado teve total autonomia para conduzir o caso da forma que ele entendia apropriada.”