A divulgação da ideologia do PT num canal de TV próprio embute mil possibilidades. Como é que ninguém pensou nisso antes, Valdemar?
Marcos Uchôa é contratado da TV Brasil | Foto: Ricardo Stuckert/PR
O PT quer um canal aberto de TV, para divulgar explicitamente a sua ideologia. Não bastam mais os canais existentes que já difundem implicitamente a ideologia do PT.
Quem falou em difundir a ideologia do PT por meio de emissora própria foi o secretário de comunicação do partido, Jilmar Tatto. “O PT tem mais de 2 milhões de filiados”, disse ele à imprensa. “Pelo menos 30% das pessoas fazem referência ao PT como partido preferido. Estamos nas redes e plataformas, inclusive temos a TV PT na web. Mas qual é nossa avaliação, e isso vale para outros partidos? Que deveríamos pleitear um canal aberto para divulgar nossa ideologia, o que o PT pensa.”
Para que o canal de propaganda partidária não possa ser considerado canal de propaganda partidária, o PT disse no ofício encaminhado ao Ministério das Comunicações que se trata de iniciativa pedagógica, para “a justa prestação de informação, uma vez que os partidos políticos são indissociavelmente vinculados à educação política, ao incentivo da participação política e à contínua comunicação com os cidadãos”. Mas e a TV Senado, a TV Câmara, as propagandas partidárias obrigatórias, o canal no Youtube (e os blogs companheiros, e os jornalistas abertamente simpatizantes)? O PT acha tudo isso insuficiente para o imenso e necessário trabalho de pedagogia política. Para o amor vencer definitivamente o ódio.
Imagino que o canal aberto do PT será financiado pelo dinheiro do fundo partidário, aquele em que sempre cabe mais uma possibilidade. Será que um canal desses pode contar também com anunciantes? Caso seja possível, aposto que haverá um monte de empreiteiras e outras empresas com contratos públicos interessadas em aparecer como patrocinadoras numa TV de educação política. Afinal de contas, além de ser um serviço que se presta à nação, a propaganda é a alma do negócio.
Se houver entretenimento na grade (é uma boa forma de divulgar ideologias, como demonstram as novelas), principalmente com atrações estreladas por atores conhecidos, a correlação de forças ficará ainda mais positiva para o PT. Pode ser até que fabricantes de carros, como Land Rover, e eletrodomésticos, como máquinas de lavar, achem uma boa vantagem devida anunciar na TV do PT.
Para atingir esse objetivo comercial, sugiro criar, por exemplo, o Domingão do Lulão, comandado por José de Abreu. Nada a ver com aquela chatice de conversa com o presidente. O Domingão do Lulão teria quadros como Essa é Sua Vida de Lutas, Tesoureiro (Delúbio Soares, Vaccari etc.) e poderia contar com o casal Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, entre outros, na Dança dos Petistas Históricos. Concurso de cuspe à distância? Acho que foge do objetivo educacional.
Outra ideia: numa faixa mais cultural, o advogado Kakay Tye-Die conduziria um programa de degustação de vinhos franceses para as massas de R$ 15 mil a garrafa. Título do programa: Aperrô Gativas. Meio infame, eu sei, mas esso, esso, esso, vai ser um sucesso.
Ao ser perguntado se um canal aberto de TV do PT não causaria um desequilíbrio na difusão de ideologias, Jilmar Tatto respondeu que “todos os partidos podem pedir também” um canal para chamar de seu.
Como é que ninguém pensou nisso antes? Até o Valdemar comeu bola.
REVISTA OESTE