Petista reconheceu que Macron derrotou Brasil com países ricos enterrando acordo de europeus com bloco sulamericano
Presidente Lula não avançou acordo Mercosul-União Europeia e culpa a França do presidente Emmanuel Macron, na COP28, em Dubai (Foto: Ricardo Stuckert /PR)
Davi Soares
Depois de ter fracassadas suas ambições de firmar um acordo entre os blocos de comércio internacional sul-americanos e europeus, o presidente Lula (PT) culpou países ricos e a França por praticamente enterrar as chances de aliança entre o Mercosul e da União Europeia. A admissão de frustração ocorreu em entrevista coletiva que encerrou sua participação na COP28, em Dubai, neste domingo (3). Um dia depois de o presidente Francêsm Emmanuel Macron derrotar a esperança de Lula e firmar a parceria no evento sobre demandas ambientais do planeta.
“Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. Mas a única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil. E que não digam mais que [o acordo] não saiu por conta da América do Sul. Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão”, reagiu o presidente brasileiro.
A fala de Lula responde à postura de Macron, que demonstrou ontem que o lobby do agro francês e europeu está mandando nas conferências ambientais da COP28. O francês defende contrapartidas ambientais do Brasil, enquanto segue contribuindo com o aquecimento global, ignorando a queima de carvão em seu país.
“A França sempre foi o país que criou obstáculos para o acordo do Mercosul com a União Europeia, porque a França tem milhares de pequenos produtores [agrícolas] e eles querem proteger os seus produtos. É isso”, concluiu Lula.
Ontem, o presidente francês defendeu que o acordo é muito antigo e precisa ser refeito, mesmo fazendo parte do grupo que quer triplicar a energia nuclear até 2030, para poder abrir mão do carvão. E teve a cara de pau de afirmar que o agro da França e da Europa está se descarbonizando, acusando o setor agrícola do Brasil de não se adequar a esta exigência ambiental.