Logo após iniciar seu terceiro mandato na Presidência da República, Lula se viu em uma situação vantajosa nas pesquisas, a frente de Jair Bolsonaro, seu principal oponente na eleição mais acirrada desde a redemocratização do país. Lula estreitou laços com representantes do Judiciário, do Legislativo e até mesmo com políticos da oposição, sob o pretexto de defender a democracia. Aproveitando sua experiência, Lula conseguiu aprovar projetos no Congresso e revitalizar programas sociais importantes para sua imagem com o povo brasileiro. Estes “sucessos” levaram-no a acreditar que seu governo era um sucesso, pelo menos aos olhos do público, apesar de enfrentar críticas internas.
Entretanto, desde o ano passado, as imagens de Lula e de seu governo têm sofrido desgaste devido ao confronto entre duas realidades: a visão da bolha de esquerda e dos aliados mais próximos, que evitam confrontá-lo e apoiam suas decisões, e a realidade das ruas, onde a preocupação com segurança pública, saúde, custo de vida e corrupção está em destaque. Pesquisas recentes indicam uma queda significativa na aprovação do governo, atingindo os níveis mais baixos desde o início de seu terceiro mandato. Isso forçou Lula a reconhecer publicamente as falhas de seu governo, embora mantenha um otimismo cauteloso quanto ao futuro.
Antes das pesquisas evidenciarem essa queda, a autocrítica dentro do Palácio do Planalto era rara, com alguns assessores minimizando os pontos negativos em comparação aos indicadores econômicos positivos. No entanto, mesmo com avanços econômicos, a percepção da população sobre a economia deteriorou-se, refletindo uma desconexão entre o governo e as necessidades reais da população. Questões como segurança pública e corrupção se tornaram mais prementes para os cidadãos, desafiando Lula a apresentar respostas consistentes.
Enquanto isso, a direita continua a apontar a questão da segurança pública, o que desgasta o presidente, obtendo êxito ao aprovar projetos no Senado que endossam uma abordagem mais rígida nessa área. A falta de uma resposta convincente por parte do governo tem contribuído para a deterioração da imagem de Lula, que não consegue escapar das controvérsias nem mesmo em questões de política externa.
Além disso, a gestão de Lula tem sido marcada por decisões controversas e falta de coordenação interna, como demonstrado pelo caso do pagamento de dividendos extras pela Petrobras. A falta de uma liderança coesa tem levantado questionamentos sobre o futuro do governo e sua capacidade de lidar com os desafios atuais e emergentes.
Diante desse cenário, Lula precisa urgentemente se reconectar com o eleitorado médio e abordar as preocupações reais da população. Seu sucesso futuro dependerá de sua capacidade de reconhecer e enfrentar esses desafios, abandonando recaídas ideológicas e adotando uma abordagem mais pragmática e inclusiva para governar.