Contando com a experiência de mais de quarenta anos atuando na imprensa falada, escrita e televisiva, quero crer que posso estar habilitado para tecer alguns comentários a respeito de como proceder com a notícia.
Ao redator, função da qual exerço com mais assiduidade, cabe o livre direito de expressar sua opinião. Todavia, tornar-se automaticamente responsável pelo que escreve. Se criticar valendo-se de analogia, acredito que fica isento de sofrer represálias, pois a carapuça só cabe na cabeça de quem se incomoda com ela. No caso de criticar citando nomes, a coisa muda de figura pois está dando direito automático de resposta por parte da pessoa ofendida. Ou seja, precisa arcar com as consequências. Caso esteja munido de fontes fidedignas que determinam que para fatos nãos existem contestações, terá sempre o respeito de seus ouvintes, leitores ou telespectadores. Caso contrário, sofrerá as consequências.
Ao repórter cabe relatar de forma clara e sucinta o que deslumbrou no ocorrido, sem nunca emitir opinião pessoal. Ou seja, relatar o fato nu e cru, da forma como entendeu a situação.
Ao entrevistador, função que requer conhecimento, determinação e muitas vezes coragem e ousadia, deve procurar extrair do entrevistado o máximo possível de informação. Precisa fazer perguntas que o público quer e precisa ouvir e não ficar preso a pauta que a produção do órgão de divulgação sempre quer impor. Enfim quem precisa aparecer é o entrevistado e não o entrevistador.
Aos apresentadores de programas radiofônicos e televisivos, a liberdade e a conduta de procedimento seguem a mesma linha do redator. Ou seja, são responsáveis imediatos por tudo que colocarem no ar.
Aos diretores de órgãos de divulgação, cabe seguir as normas explicitadas pelos proprietários do veículo de informação, função difícil e espinhosa, passível de inúmeras contradições, porque o jornalismo não é livre como deveria, está sempre atrelado ao poder. Seja da política vigente, do comércio que o sustenta e até da ideologia imposta pelo sistema.
Observem que em países desenvolvidos a imprensa é colocada como o quarto poder. No Brasil, em situações que apenas as pessoas bem informadas conseguiram perceber, a imprensa posicionou-se determinante em terceira e até segunda posição. Tangenciou, mentiu, opinou, defendeu o indefensável e fez o povo humilde e ignorante pensar que isso era jornalismo. E continua fazendo, sem qualquer constrangimento.
A nobre função jornalística em determinados órgãos de divulgação, tem perdido a total credibilidade, mas essa é apenas minha humilde opinião.
Guto de Paula
Redator da Central São Francisco de Comunicação
Divulgado pelo Blog do Itapuan, Facebook, Youtube, Zap e por todos os que lutam pelo direito da livre expressão.