A estratégia durou “quase um ano”, diz ex-embaixador dos EUA no Brasil
Joe Biden, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva Foto: EFE/EPA/Jim Lo Scalzo, Isac Nóbrega/PR e Ricardo Stuckert/PR
Nesta quarta-feira (21), vésperas do julgamento de uma das ações que pode tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível, o jornal britânico Financial Times revelou que o governo dos Estados Unidos interferiu na Eleição Presidencial do Brasil de 2022.
De acordo com o veículo, após as duras críticas de Bolsonaro sobre as urnas eletrônicas, Biden suspostamente teria pressionado líderes políticos e militares brasileiros a respeitarem a democracia do país.
O jornal britânico também afirmou que na época, o então vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), o ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) atuaram como mediadores. Os três levavam para Bolsonaro mensagens do governo dos EUA sobre a importância de “proteger a integridade das eleições”.
De acordo com o Financial Times, Biden tinha como objetivo deixar claro o seguinte recado: “Washington não toleraria qualquer tentativa de questionar o processo de votação ou o resultado”.
Para entender como Biden interferiu nas as eleições, seis ex-funcionários dos EUA foram ouvidos pelo Financial Times. De acordo com Michael McKinley, ex-funcionário do departamento de estado e ex-embaixador dos EUA no Brasil, a estratégia de pressionar políticos e lideranças militares do Brasil para que “respeitassem e salvaguardassem a democracia” brasileira durou “quase um ano”, tendo começado ainda em 2021.
– Foi quase um ano civil de estratégia, sendo feito com um objetivo muito específico, não de apoiar um candidato brasileiro em detrimento de outro, mas muito focado no processo [eleitoral], em garantir que o processo funcionasse – disse.
Ainda de acordo com o jornal britânico, o governo dos EUA realizou uma campanha coordenada, sem anúncios e em diversos setores dos governos americano e brasileiro, incluindo as Forças Armadas, a CIA, o departamento de Estado, o Pentágono e a Casa Branca.
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