“Até agora, as posições estão mantidas. [Jaques] Wagner é pré-candidato ao governo e eu pré-candidato ao Senado. Mas é uma definição que deve passar pelo [ex] presidente Lula”, afirmou Otto.
Por outro lado, o senador destacou que não tem objeção uma possível candidatura ao governo do estado, caso esta seja a decisão de consenso do grupo governista.
A declaração contrasta com falas recentes do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Em entrevista à TV Bandeirantes, ele afirmou que uma possível candidatura ao Governo da Bahia seria “uma punição ao Otto”, que preferiria concorrer à reeleição.
Entre membros do PT baiano, a declaração de Kassab foi vista como um fechar de portas a um possível apoio do PSD a Lula ainda no primeiro turno da eleição presidencial.
A decisão sobre quem deve encabeçar a chapa para o Governo da Bahia deve ser tomada até o fim do Carnaval. Antes disso, serão ouvidos os demais partidos da base aliada, além do ex-presidente Lula.
Caso seja confirmada a candidatura de Otto ao governo baiano, a expectativa é que o governador Rui Costa renuncie em abril para ser candidato ao Senado, cargo para qual entraria na disputa na condição de favorito.
Até o início deste ano, Costa declarava publicamente que não seria candidato e cumpriria seu mandato até o final para garantir a coesão da base aliada. Nos últimos dias, contudo, tem admitido a hipótese tentar ser senador.
Aliados de Costa destacam que o governador tem boa avaliação e sua presença na chapa seria um ativo importante para a chapa governista na Bahia. Mas fazem questão de frisar que a candidatura ao Senado não é uma imposição.
Nomes próximos a Jaques Wagner, por outro lado, veem o governador Rui Costa com apetite por um mandato a partir de 2023.
Nos últimos dias, parlamentares petistas têm defendido publicamente a formação de uma chapa com Jaques Wagner para o governo, Rui Costa para o Senado, Otto Alencar como vice e o PP com a primeira suplência do Senado.
Esse arranjo, contudo, é considerado inviável e enfrenta forte resistência dos demais partidos da base.
A provável renúncia de Rui Costa e a ascensão do vice-governador João Leão (PP) ao governo do estado também é vista com reserva. A despeito do vice-governador ter anunciado apoio a Lula em agosto de 2021, a bancada baiana do PP faz uma espécie de jogo duplo e apoia Bolsonaro no Congresso.
Há ainda um temor entre parlamentares de que, no comando da máquina do Governo da Bahia, Leão priorize a eleição de deputados de seu próprio partido, canibalizando bases que de outras legendas.
O PP e o PSD disputam o posto de maior partido da Bahia, cada qual com cerca de um quarto dos 417 prefeitos do estado. Em cerca de 200 municípios baianos, há embate direto entre líderes das duas legendas.
À Folha de S.Paulo o senador Otto Alencar afirma que não tem restrição ao fato de João Leão assumir o Governo da Bahia e conduzir a sucessão: “Me dou muito bem com ele, não vejo problema”.
Entre petistas da Bahia, já é menor a resistência a ascensão de João Leão ao governo. Em privado, eles destacam que, com a definição de um arranjo que atenda PT, PSD e PP, a passagem de bastão aconteceria sem sobressaltos.
FOLHAPRESS