Israel pede renúncia da diretora da ONU Mulheres: “Vergonhosa”

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O governo diz que a nota emitida por ela contra o Hamas foi ‘fraca e tardia”

Sami Bahous Foto: Manuel Elías/Divulgação ONU

Israel exigiu neste sábado (2) a renúncia da diretora da ONU Mulheres, a jordaniana Sami Bahous, por considerar que esta assumiu uma posição “vergonhosa” em relação ao ataque cometido pelo Hamas no dia 7 de outubro, no qual o grupo islâmico aparentemente cometeu violência sexual contra mulheres.

– Peço à diretora-executiva da ONU Mulheres, que não conseguiu cumprir a sua missão neste momento crítico, que renuncie (…) A conduta da ONU Mulheres, do secretário-geral da ONU e de outras agências da ONU desde o massacre de 7 de outubro é vergonhosa”, escreveu o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, na rede social X (antigo Twitter).

Esta declaração é publicada um dia depois de a ONU Mulheres ter emitido um comunicado rechaçando “inequivocamente os ataques brutais do Hamas contra Israel”.

– Estamos alarmados com os numerosos relatos de atrocidades baseadas no gênero e de violência sexual durante estes ataques. É por isso que pedimos que todos os casos de violência baseada no gênero sejam devidamente investigados e processados – acrescentou.

O ministro israelense, no entanto, considerou que esta declaração é “fraca e tardia, depois de quase dois meses de silêncio durante os quais foram ignorados os crimes de guerra, os crimes contra a humanidade e os crimes de gênero cometidos pela organização terrorista Hamas”.

– A proposta de entregar a investigação à Comissão de Investigação da ONU acrescenta insulto à injúria, uma vez que (essa instituição) é composta por um grupo de notórios antissemitas – declarou Cohen.

A ONU Mulheres lamentou ontem o rompimento da trégua entre Israel e o Hamas e a retomada da ofensiva israelense na devastada Faixa de Gaza, e reiterou que “todas as mulheres, israelenses e palestinas, como todas as outras pessoas, têm direito a uma vida segura e livre de violência”.

A instituição também fez um apelo em prol da paz e da libertação de todos os reféns sequestrados pelo Hamas.

No dia 22 de novembro, Israel acusou o Conselho de Segurança da ONU, a UNICEF e a ONU Mulheres de se aliarem sistematicamente ao grupo islâmico Hamas e de ignorarem o sofrimento ou os dados sobre vítimas que lhes foram fornecidos pelo governo israelense.

A guerra começou em 7 de outubro, após um ataque do braço armado do Hamas que incluiu o lançamento de milhares de foguetes contra Israel e a infiltração de cerca de 3.000 milicianos que mataram cerca de 1.200 pessoas e sequestraram outras 240 em aldeias israelenses perto da Faixa.

Desde então, as forças israelenses têm mantido uma ofensiva implacável por via aérea, terrestre e marítima no enclave palestino que deixou mais de 15.000 mortos, cerca de 6.000 pessoas soterradas sob os escombros e quase dois milhões de pessoas deslocadas internamente que convivem com uma grave crise humanitária, o colapso dos hospitais e a escassez de habitação, água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

*EFE

 

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