Valores, relativos a 2022, estão na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral
De acordo com dados registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec, ex-Ibope) recebeu R$ 24 milhões para fazer pesquisas eleitorais em 2022 e o DataFolha, instituto do Grupo Folha, R$ 15 milhões.
Em comum, os dois institutos erraram o resultado de inúmeras pesquisas realizadas às vésperas do primeiro turno das eleições e são alvo de investigações. Uma delas conduzida pela Polícia Federal, cujo inquérito foi instaurado a pedido do ministro da Justiça, Anderson Torres, e outra, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI das Pesquisas, que na quinta-feira 6 conseguiu alcançar número suficiente de assinaturas para a abertura da investigação.
Na eleição presidencial, os dois institutos divulgaram, no sábado 1º, que a diferença entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) era de 14 pontos porcentuais. Nas urnas, ficou em 5 pontos.
Um levantamento feito pelo jornal Gazeta do Povo apontou 11 erros, com distorções de pelo menos dez pontos porcentuais acima do resultado oficial. Em dez dos casos, os prejudicados eram candidatos apoiados por Bolsonaro.
Segundo os dados do TSE, as três pesquisas mais caras realizadas pelo Ipec, no valor de R$ 347,6 mil cada uma, contratadas pela TV Globo, entrevistaram, no total, 9.024 eleitores entre os dias 13 de setembro e 1º de outubro.
Já o Datafolha, que costumava entrevistar entre mil e 6,8 mil eleitores nas pesquisas anteriores, declarou que recebeu R$ 618 mil para uma pesquisa com 12,8 mil eleitores, nos dias 30 de setembro e 1º de outubro, na véspera do primeiro turno das eleições.
Ao TSE, os dois institutos afirmaram que a coleta de dados foi feita com entrevistadores treinados e que houve análise posterior de parte dos questionários, para garantir a confiabilidade da coleta de dados.
Em nota à imprensa, divulgada durante a semana, o Ipec disse que as pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas e que quando efetuadas continuamente ao longo do processo eleitoral são capazes de apontar tendências, “mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá”.
Especificamente sobre a distorção da pesquisa quanto às intenções de votos a Bolsonaro – de 37%, na véspera, quando ele fez 43% dos votos nas urnas, o Ipec respondeu que isso pode ter acontecido por causa dos votos de eleitores que estavam indecisos ou que deixaram de votar em Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) para votar em Bolsonaro. “Tais fatores já demonstravam uma provável migração de votos desses dois candidatos para Jair Bolsonaro.”
Em relação ao faturamento com pesquisas eleitorais em 2022, o Ipec afirmou que o valor é compatível com o volume de pesquisas contratadas por seus clientes e que “atua com práticas comerciais de mercado para as metodologias utilizadas nas pesquisas de intenção de voto, com preços tabelados, para pesquisas divulgadas ou não”.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, a diretora do Datafolha, Luciana Chong, descartou um possível erro metodológico e disse que nas “horas finais um voto útil pró-Bolsonaro” pode ter sido responsável pela distorção.
REVISTA OESTE