Invasores trajados com fardas de policiais destroem casas em quilombo na Bahia

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Ação truculenta ocorreu sem nenhum aviso prévio ou documento legal de desocupação

Imagem mostra a comunidade Toque da Gamboa destruída após invasão de capangas armadas.

Foto: Divulgação

    • Um grupo de homens armados invadiu a comunidade quilombola de Toque da Gamboa, localizada em Cairú (BA), nesta quarta-feira (4). Segundo testemunhas, os suspeitos utilizavam fardas de policiais militares e foram acusados de destruir e incendiar casas e roças.

      Segundo relato de lideranças do quilombo, a ação ocorreu sem nenhum aviso prévio ou documento legal de desocupação. O sítio, sediado na Ilha de Tinharé, é historicamente habitado pela população negra rural, remanescente de quilombo, que possui como fonte de sobrevivência a pesca, a pequena agricultura e o turismo de base comunitária.

      A comunidade habita o território há gerações. O uso tradicional do local é condição para a reprodução física e cultural da comunidade. As áreas de mata, restinga, rios, praias, mar e manguezais que integram o território são utilizadas das mais diversas formas pela comunidade, como base e condição de sobrevivência.

      “Inconformados com o fracasso em usurpar as terras da comunidade, empresários e especuladores imobiliários promovem todo tipo ameaças e violências, confrontando as decisões da justiça, para usurpar as terras da comunidade culminando com ações violentas como a que ocorreu ontem”, denunciam as lideranças quilombolas. 

      A área ocupada pela comunidade quilombola é caracterizada como área da União, uma vez que se trata de uma Ilha Oceânica, conforme definido expressamente pela Constituição Federal.

      A denúncia reforça ainda que é comum que “especuladores imobiliários contratarem policiais para promoverem ameaças e violências visando usurpar terras dos quilombolas nas Ilhas de Tinharé e boipeba”. 

      Além disso, os relatos apontam que os suspeitos “também contam com o apoio da prefeitura, pois é sabido que o atual prefeito tem muitos negócios envolvendo terras na região”, reiteram as lideranças.

      ALMA PRETA

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