Variação negativa de 0,95% do IGP-M no acumulado dos últimos 12 meses não deve resultar na redução do valor das locações, que têm cláusulas para blindar o poder de compra dos proprietários
Inflação do aluguel recua 2,17% em abril, diz FGV – EDU GARCIA/R7 – 22.11.2022
A perda de ritmo do IGP-M (índice Geral de Preços – Mercado), indicador responsável pelo reajuste da maioria das locações vigentes no Brasil, foi mantida no mês de abril. Com o movimento, os contratos que vencem em maio serão os primeiros sem reajuste desde fevereiro de 2018.
De acordo com dados publicados nesta quinta-feira (27) pela FGV (Fundação Getulio Vargas), o IGP-M caiu 2,17% em abril, na comparação com a alta de 0,05% apurada em março, e agora acumula queda de 0,95% no acumulado dos últimos 12 meses.
O percentual em questão é aquele que seria repassado aos inquilinos com aniversário de vencimento no próximo mês. No entanto, a maior dos contratos possuí cláusulas que inibem o reajuste negativo do indicador, o que deve ocasionar na manutenção do valor pago atualmente.
A variação do IGP-M acumulada nos 12 meses encerrados neste mês mantém a tendência de queda apurada desde maio de 2021, quando o indicador apresentava oscilação de 37% para as locações que venceriam no mês seguinte. Em abril do ano passado, o indicador subiu 1,41% e o índice acumulado no período anual foi de 14,7%, percentual repassado os contratos de maio de 2022.
O cálculo do IGP-M leva em conta a variação de preços de bens e serviços, bem como de matérias-primas utilizadas na produção agrícola e industrial e na construção civil. Por isso, a variação é diferente da apresentada pela inflação oficial, que calcula os preços com base em uma cesta de bens determinada para famílias com renda de até 40 salários mínimos.
André Braz, coordenador dos índices de preços do Ibre (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), explica que a recente perda de fôlego da “inflação do aluguel” é motivada pela manutenção da queda dos preços de importantes matérias-primas para o setor produtivo.
“Soja (-9,34%), milho (-4,33%) e minério de ferro (-4,41%), abrem espaço para descompressão dos custos de importantes segmentos varejistas favorecendo a chegada desses efeitos nos preços ao consumidor”, avalia Braz.
Ainda assim, ele destaca que a inflação dos produtos que chegam às famílias segue pressionado pelos reajustes dos preços administrados, como gasolina (+2,39%), energia elétrica (1,31%) e medicamentos (2,02%).
“Além disso, os serviços livres também persistem com inflação em elevado patamar. Entre os itens deste segmento, vale destacar o aluguel residencial com alta de 1,31% em abril”, completa Braz.
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