Nível é o menor desde 3 de maio e 91 cm abaixo do recorde de 5,33 metros alcançado no dia 6
Vítimas das enchentes em Porto Alegre retiram de suas casas os móveis e eletrodomésticos destruídos (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Redação
Após um sábado (18) de trégua nas chuvas, as águas do Lago do Guaíba baixaram ao nível de 4,42 metros registrados às 8h da manhã deste domingo (19), e alcançaram seu menor nível desde 3 de maio. Na ressaca da catástrofe climática histórica que matou 155 no Rio Grande do Sul, bairros das zonas Norte e Sul da capital Porto Alegre tiveram expostos os rastros de destruição e prejuízos causados pelos temporais.
Somente em um mutirão de limpeza executado ontem, na Vila Elizabeth e bairro Sarandi, foram retiradas 90 toneladas de resíduos. E o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) orienta moradores para que coloquem todos os itens para descarte em frente às suas residências e comércios, para que possam recolher e agilizar a retomada da rotina da cidade.
Retomada difícil, como relatam moradores do bairro Menino Deus, onde as calçadas ficaram cheias de móveis, colchões, eletrodomésticos, livros e todo o tipo de objeto que algum dia já teve valor, mas que agora vai para o lixo.
“Eu tinha vários livros em casa e eu esqueci de levantá-los quando saí daqui. Quando eu fui lembrar, já não tinha como entrar”, disse o geólogo Evandro Oliveira. O motorista Joel Vargas não escondeu sua frustração diante dos prejuízos. “Tudo é lixo. Tudo quebrado, tudo demolido. Não se aproveita nada”.
A aposentada Marlene de Souza também lamentou a perda de seus pertences. “Está tudo com gosto, cheiro de esgoto, tudo podre”.
Com a redução no nível da água, um novo exército entra em operação. São centenas de homens e mulheres com uma única missão: retirar das ruas toneladas de lixo e de lama.
Segundo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), 3.500 pessoas estão envolvidas no trabalho de limpeza e recuperação da cidade. Do dia 6 de maio para cá, somente onde não estava alagado, já foram recolhidas 910 toneladas. Esse número vai aumentar muito conforme as ruas forem secando. Nesta primeira etapa, estão sendo utilizados 300 veículos pesados, incluindo retroescavadeiras, pás carregadeiras e caminhões basculantes. Mas o trabalho principal, como varrição e raspagem das ruas, retirando manualmente a lama que se acumulou, é feito pelos garis.
“Temos 3.500 garis trabalhando em três turnos e um maquinário muito pesado sendo usado na remoção dos resíduos”, explicou o diretor-geral da DMLU. (Com ABr)