Plenário da Câmara dos Deputados – Foto: Pablo Valadares/Câmara.
Cláudio Humberto
Depois de não ver pautada a Medida Provisória que valida a Esplanada dos Ministérios na terça (30), o presidente Lula finalmente se dobrou, ligando para o presidente da Câmara, Arthur Lira. O problema do qual Lula está ciente há tempos foi reforçado: articulação política chinfrim. Lira contou a Lula que a MP não foi pautada na véspera pela certeza de derrota. E lembrou o mapeamento do próprio governo apontando que, na terça, a base de Lula tinha só 144 votos, contra mais de 300 opositores.
Barganha
Nas tratativas com o centrão por votos, o governo disse que todo mundo perderia se a MP cair. Ministérios que são do grupo deixariam de existir.
Função de outro
Lula ainda ouviu que Lira não assumiria a articulação do governo dentro da Câmara e reclamações sobre falta de contato direto com o presidente.
Pouco resolve
Falar com Alexandre Padilha deixa os líderes partidários à beira de um ataque de nervos: além de nada resolver, é acusado de trato arrogante.
Não insista
O Marco Temporal foi recado sobre a “pauta verde”. O governo ensaiou tentar reaver funções do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. Desistiu.
O projeto lacrador dá ao governo o poder de regulamentar o mérito, ignorando que diferenças salariais podem decorrer de inúmeros fatores. Foto: Arquivo EBC
É só demagogia: lei de salários iguais já existe
O projeto 1.801/23, ontem aprovado na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado sobre igualdade salarial de homens e mulheres, não passa de demagogia lacradora: em vigor desde 2017, a lei 13.467 já estabelece a mesmíssima coisa. O projeto ordenado por Lula é revelador de ignorância constrangedora sobre proteção da trabalhadora, incluindo leis e princípios constitucionais abundantes. O especialista José Pastore teme que o projeto complique ainda mais as relações de trabalho.
‘Regulando’ o mérito
O projeto lacrador dá ao governo o poder de regulamentar o mérito, ignorando que diferenças salariais podem decorrer de inúmeros fatores.
Inúmeros critérios
Pastore lembra que senioridade, responsabilidades distintas, empenho, carisma etc. podem orientar diferenças salariais independente de gênero.
Indústria azeitada
“A sedutora multa de 10 vezes o salário por suposta discriminação”, diz Pastore, deverá induzir muitas mulheres a entrar na Justiça do Trabalho.
Chegar e votar
Correndo o risco de ver a MP da Esplanada caducar, Lula buscou socorro no presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que prometeu destravar sua roda-presa e votação a jato até varando a madrugada.
Escaldado
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, deu um banho nos governistas na CPI do MST, que insistia em interromper a fala. Com quatro mandatos como deputado, Caiado tem o regimento interno na ponta da língua.
Caçando ‘narrativa’
Lula não deu uma só palavra sobre as agressões dos capangas de Maduro a jornalistas como Delis Ortiz, no Itamaraty. Deve estar à procura de uma “narrativa” para demonstrar que soco covarde é apenas carinho.
Perdido no espaço
Futuro embaixador em Roma, Renato Mosca é bem visto no Itamaraty, mas o serpentário não perdoa. “Muito bonzinho”, diz um veterano, mas o palácio Doria Pamphilj (sede da embaixada) é “grande demais para ele”.
Aspone pernas curtas
Coube a Lula entregar a má influência: o baixote Celso Amorim disse a ele que “nunca viu(…) uma tranquilidade… que tá tendo [na Venezuela]”. A mentira sobre a ditadura que prende, tortura e mata tem pernas curtas.
Falta o sim
Depende só da deputada Clarissa Tércio (PP-PE), campeã de votos, definir se disputará a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. Seu partido ganhou musculatura em Pernambuco e promete toda a estrutura.
No bolso
Começa a valer hoje (1º) o valor único do ICMS sobre a gasolina. Ficou definida a cobrança de R$1,22 por litro. A expectativa é que o novo modelo de cobrança suba o preço nas bombas para o motorista.
Pacheco não basta
O governo vai precisar de mais do que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para derrubar o Marco Temporal. Senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária, com interesse na aprovação, somam 47.
Pensando bem…
…governo sem votos no Congresso apela a autoridades sem votos fora dele.
DIÁRIO DO PODER – COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO