Postura ocorre após o veículo divulgar reportagens sobre a “dama do tráfico amazonense”
Gleisi Hoffmann Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, usou seu perfil no X (antigo Twitter), neste domingo (19), para instigar a militância do partido contra o Estadão e a jornalista Andreza Matais, editora-executiva de Política e chefe da sucursal do jornal em Brasília. Os ataques ocorrem após o veículo publicar matérias sobre reuniões de Luciane Farias, a “dama do tráfico amazonense”, com secretários do Ministério da Justiça.
Gleisi compartilhou texto de um site simpático ao governo Lula com informações sobre o suposto processo de produção das reportagens do Estadão, que constariam de uma denúncia feita ao Ministério Público do Trabalho (MPT). A postagem da presidente do partido do governo e deputada federal teve mais de mil compartilhamentos e passou dos mil comentários, até o fim da noite de domingo.
Outros políticos, incluindo o ministro da Justiça, Flávio Dino, e influenciadores de esquerda compartilharam a matéria postada pela petista. À tarde, o youtuber Felipe Neto criticou Andreza Matais, em post que expôs a imagem da jornalista. Menos de duas horas depois, Neto apagou a postagem, substituída por outra de teor similar, tendo apenas o jornal como alvo. O Estadão informou que estuda ações legais em resposta à campanha promovida contra seus jornalistas.
SOBRE O CASO “DAMA DO TRÁFICO” Luciane Farias esteve pela primeira vez no Ministério da Justiça em março, em uma reunião com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos. Ela voltou dia 2 de maio, para reunião com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
Na reportagem que revelou o caso, publicada em 13 de novembro, o ministério chefiado por Flávio Dino confirmou a presença da “dama do tráfico” na comitiva para ambas as reuniões, mas afirmou que era “impossível” o setor de inteligência detectar previamente a presença dela. Horas depois, diante da repercussão do caso, Vaz assumiu para si a culpa pela entrada de Luciane no ministério.
– Se teve algum erro, esse erro foi de minha parte por não ter feito uma verificação mais profunda das pessoas que eu iria receber – disse, em entrevista coletiva.
Ainda no dia 13, o ministério elaborou portaria alterando as regras de acesso à sede. As novas normas exigem: envio de nome e CPF dos participantes de reunião ou audiência com antecedência mínima de 48 horas; reuniões ou audiência devem ser solicitadas por e-mail para fim de avaliação; todo visitante deve ser atendido na recepção do Palácio da Justiça ou dos anexos para identificação e orientação.
Além do Ministério da Justiça, Luciane esteve na Câmara dos Deputados e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No início de novembro, ela participou de evento em Brasília sobre prevenção e combate à tortura com passagens e diárias custeadas pelo Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.