Fim da conspiração fez Doria manter candidatura

Coluna do Cláudio Humberto

Ameaça de desistência de João Doria foi uma cartada política certeira com o significado de “pedala” no presidente do PSDB, Bruno Araújo

Cláudio Humberto
Cláudio Humberto

A ameaça de desistência de João Doria foi uma cartada política certeira com o significado de “pedala” no presidente do PSDB, Bruno Araújo, que em entrevistas praticamente descartava o ex-governador na disputa pela presidência da República. Chegou a dizer que Doria não era candidato do PSDB e sim o indicado por um “pacto de partidos”. Assustado com a ameaça, que implodiria a sigla, ele suplicou a Doria para reconsiderar. Doria exigiu provas do fim da conspiração contra sua candidatura.

Carta mantém projeto

Para provar isso, Araújo submeteu a Doria uma carta aberta a todo o PSDB garantindo-lhe a legenda e apoio à candidatura.

Respeito às prévias

O presidente do PSDB afirmou, no documento, o que vinha negando em sucessivas entrevistas: “as prévias serão respeitadas pelo partido”.

Esqueçam o que eu disse

Araújo disse na carta que “não há e nem haverá qualquer contestação do partido à legitimidade da sua candidatura”. Era o que ele vinha fazendo.

Derrota reconhecida

Doria tinha outra condição: Eduardo Leite deveria reconhecer o resultado das prévias publicamente. No meio da tarde, o político gaúcho fez isso.

Presidente Nacional do PSDB Bruno Araújo. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Erro de Bruno Araújo foi ignorar o próprio tamanho

O presidente nacional do PSDB, ex-deputado Bruno Araújo, cometeu o erro primário de se achar mais relevante que o candidato eleito pelos filiados, nas prévias, para disputar a campanha presidencial. Como um novato, passou a ignorar a figura de João Doria e a negociar com União Brasil e MDB um “pacto” que, em sua cabeça, começava pelo descarte do tucano ungido, que o derrotou e a Eduardo Leite nas prévias.

Armação golpista

Bruno Araújo se deixou incensar pela velha guarda tucana, também derrotada nas prévias, em atitude que Doria chamou de “golpista”.

Turma da rasteira

O grupo hostil a Doria, que se achava dono do PSDB, tem figurões como Tasso Jereissati (CE), José Aníbal (SP) e Aécio Neves (MG).

Senha da armação

A permanência de Leite no PSDB, após renúncia ao governo, foi a senha que assanhou Araújo e a turma que tentava dar uma rasteira em Doria.

Esporte nacional

A trairagem no PSDB, do qual participou o gaúcho Eduardo Leite contra a candidatura presidencial de João Doria, confirma a sábia sentença de Graciliano Ramos: “O esporte nacional não é o futebol, é a rasteira”.

Compromisso de honra

João Doria esteve decidido a desistir. Mas foi o amigo Orlando Morando, prefeito de São Bernardo, exímio articulador, quem o fez ver que, na política, é preciso honrar a palavra. E Doria havia prometido entregar o governo de São Paulo ao vice, Rodrigo Garcia, e disputar a presidência.

Meta é o Planalto

Filiando-se ao União Brasil, o ex-juiz Sérgio Morou chegou pedindo licença para entrar. Divulgou nota afirmando que chegava ao partido para ser soldado. Lorota. Chegou para ser candidato a presidente mesmo.

Além dos limites

O jurista Ives Gandra Martins deu breve aula de direito constitucional, durante entrevista ao canal BrandNews TV, para sustentar que o ministro Alexandre de Moraes tenta reescrever a Constituição e o Código Penal, criando o “flagrante perpétuo” para cercear direitos cidadãos.

1º de abril

A filiação ao PSDB do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia foi marcada para esta sexta-feira. Só por coincidência, foi expulso do Democratas para se tornar tucano no Dia da Mentira.

Fecha hoje

Esta sexta (1º) é o último dia da janela (de infidelidade) partidária, quando deputados federais, estaduais e distritais podem trocar de partido sem punição, como os detentores de cargos majoritários; senador etc.

PL à frente

O PL do presidente Bolsonaro já registrava 69 deputados na bancada federal, até ontem, véspera do fim da janela. É a maior bancada da Câmara dos Deputados, com 16 parlamentares a mais que o PT.

Abre o olho, TSE

Reportagem do Washington Post revelou que apostar em redes sociais para “defender a verdade e evitar fake news” em si é um risco. Segundo o jornal americano, o Facebook contratou agência para difamar o TikTok.

Pensando bem…

…o que é uma tornozeleira em um plenário que já teve sessão com deputado algemado?

DIÁRIO DO PODER – COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

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