Faltou antiácido para evitar a ressaca com a desistência de Wagner

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                     por Fernando Duarte

Faltou antiácido para evitar a ressaca com a desistência de Wagner

                     Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias

Faltou distribuir antiácido para tentar diminuir a ressaca que se seguiu à desistência do senador Jaques Wagner (PT) em estar nas urnas em 2022. O desejo dele é legítimo e deve ser respeitado, ainda que membros de partidos aliados tenham forçado a barra ao exigir que ele fosse candidato ao governo. Wagner e o PT preferiram evitar uma sangria desatada e colocaram uma pá de cal nessa tentativa vã de demovê-lo da ideia de desistir. Agora, o grupo político ao qual pertence precisa recalcular a rota para figurar nas urnas em outubro.

Apesar de não ter dado pistas nesse sentido, o caminho natural é que Wagner seja substituído por uma figura de cacife político para enfrentar um competitivo ACM Neto (UB). O ex-prefeito de Salvador não é uma figura desgastada como era Paulo Souto em 2014, ao ter um embate com um pouco conhecido Rui Costa (PT). Tal demanda é o que coloca o senador Otto Alencar (PSD) à frente nesse processo. Tirando Wagner, que não deseja ser candidato, e o próprio Rui, que não pode tentar um novo mandato, o socialdemocrata reúne melhores condições políticas para capitanear um projeto do que outros coelhos da cartola.

A equação não é simples de ser resolvida. Os partidos de esquerda ficam tensos com a hipótese de que uma sigla mais ao centro passe a comandar o grupo. Além disso, o desenho da chapa inclui a renúncia de Rui para ser candidato ao Senado, colocando o Progressistas e João Leão com a máquina para a transição. Algo que acende o alerta para as legendas mais à esquerda e para o próprio PSD, que disputa, ombro a ombro, a hegemonia no interior do estado. Otto candidato ao governo pode fazer frente ao uso da máquina pelo PP e isso equilibraria as forças entre eles, mas poderia escantear o restante dos satélites.

O papel das lideranças a partir de agora é tentar encontrar um denominador para reduzir os danos causados pelo investimento perdido com a desistência de Wagner na corrida pelo governo baiano. Esse caldo pode gerar o espaço para o surgimento de nomes que podem se consolidar com vias alternativas no futuro. Por enquanto, é aquietar os ânimos, baixar o fogo amigo e tentar fazer brotar algo das cinzas. Nada melhor do que o período do Carnaval para encarnar esse processo. A ressaca não vai passar rápido, mas tratá-la mais cedo pode evitar o pior.

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