Fake news, ignorância, fundamentalismo e desonestidade intelectual

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Joaci Góes

Ao casal Mirela e Beto Gaban!

O quilométrico título deste artigo sintetiza o conjunto das causas que estiolam o avanço do Brasil na direção de um futuro promissor, para alcançar um patamar de desenvolvimento compatível com suas grandes possibilidades, contidas em suas riquezas naturais, variedade ambiental de seu território continental e de sua numerosa, eclética e talentosa população. Ao contrário disso, exibimos índices sociais que nos colocam entre as nações detentoras do mais baixo desempenho histórico, entre os 100 países de maior PIB per capita do Planeta. Basta ver quão distantes nos encontramos do que deveríamos ser, algo próximo dos Estados Unidos, Canadá ou Austrália, como exemplos.

Às antigas causas socioculturais desse medíocre desempenho vieram se juntar as derivadas da sociedade do conhecimento, em que estamos imersos, a partir de quando cresceram, acentuadamente, as diferenças que nos rebaixam aos olhos do mundo, tornando-nos presa fácil da expansão da trapaça, da mentira, da corrupção e da desonestidade, presentes nas práticas de quase todas as nossas atividades de caráter espiritual, cultural ou material.

O velho uso da mentira na competição diária pela supremacia ganhou denominação universal como fake news que abarrotam os meios de comunicação, tornando praticamente impossível a compreensão do que está acontecendo pela grande maioria de nossa população composta por analfabetos, incluídos os analfabetos funcionais, fazendo inevitavelmente endêmico o desemprego em massa, ambiente ideal para a expansão de programas assistencialistas como o Bolsa Família, usados pelos populistas de todas as tendências como mecanismo de manutenção do poder.

Esse ambiente pantanoso faz de países do Terceiro Mundo, como os da América do Sul, em geral, e o Brasil, em particular, caldo de cultura excepcionalmente favorável à expansão de uma esquerda extremamente atrasada, na contramão do pensamento de Karl Marx, fato que nos remete à tipologia presente no título deste artigo.

Elevado percentual de nossa esquerda é constituído do que há de mais ignorante do mínimo que seja em matéria de Economia ou Ciência Política, servindo de massa de manobra dos que colocam a ambição de chegar ao poder, a qualquer custo, o seu propósito maior. Os fundamentalistas, por outro lado, se compõem de pessoas, umas mais outras menos inteligentes e cultas. Alguns podem ser excepcionalmente preparados, como costumam ser os grandes líderes religiosos. A paixão, porém, bloqueia sua compreensão objetiva dos fatos. Sua importância para a expansão de crenças terceiro-mundistas, como o Bolivarianismo que exalta o destino de países atrasados como Venezuela, Nicarágua e Cuba, resulta da credibilidade que desperta junto à patuleia ignara cujo voto nas urnas, por imperativo democrático, tem valor igual ao dos mais verdadeiramente cultos e dotados de genuíno espírito público. Os desonestos intelectuais, porém, levam a palma em matéria de desonra por defenderem uma linha de pensamento que sabem conduzir o País para o fundo do poço, pouco lhes importando o inevitável sofrimento das massas, como ocorreu em todos os casos, sem uma exceção sequer, das experiências comunistas, de cujos trágicos desfechos os 59 milhões de assassinatos, pelo Estado, na União Soviética de Stalin, e 68 milhões na China de Mao, bestialmente, fazem vista grossa.

Por ser racional, paradoxalmente, o humano é o único animal que tropeça, mais de uma vez, na mesma pedra, característica que está conduzindo o povo brasileiro a evoluir de tolerante com a corrupção para se constituir num povo cuja maioria é, essencialmente, corrupta, nas palavras proféticas do jornalista Roberto Pompeu de Toledo.

Basta ver como são aplaudidas lideranças nacionais que parecem ter latrinas no lugar da boca, tamanhos os desatinos que proferem, impunemente.

Por Joaci Góes – Tribuna da Bahia

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