O titular da 28ª Vara Criminal do Rio de Janeiro rebate falas de Raquel Dodge
Ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge Foto: José Cruz/Agência Brasil
Neste sábado (29), a ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge relatou a atuação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. Dodge expôs supostas dificuldades por parte do MP-RJ. As declarações foram dadas ao colunista Aguirre Talento, do UOL.
Apesar de o crime estar sob competência estadual, na época, a procuradora-geral acreditou que, se tratando da morte de um membro do Legislativo, o caso poderia requerer a federalização. Com isso, dois dias após a tragédia, viajou até o Rio para apoiar e obter novas informações sobre as investigações.
Já no final de seu mandato, Dodge solicitou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que o caso saísse da competência estadual para a federalização. A Terceira Seção do Tribunal recusou o pedido.
– Me pareceu que havia ali um crime não contra a pessoa em si, mas contra a democracia, por causa do mandato dela – disse.
O caso só foi federalizado em fevereiro deste ano, quando o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, acionou a Polícia Federal (PF) para investigar o caso.
Em seu relato, Dodge afirmou que a 28ª Vara Criminal do Rio, responsável pelo inquérito de Marielle, teria atrasado o cumprimento da decisão do STJ, que concedia a ela permissão para ter acesso ao relatório das investigações.
De acordo com a ex-procuradora, o STJ emitiu a decisão no dia 29 de agosto de 2019. No entanto, o processo só chegou à Procuradoria-Geral da República (PGR) no dia 11 de setembro de 2019.
JUIZ ANDRÉ RICARDO REBATE
O titular da 28ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, o juiz André Ricardo de Francisco Ramos explicou a demora. De acordo com ele, a decisão da Corte chegou à sua Vara no dia 2 de setembro. Naquele dia, Ramos afirmou que determinou que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) tirasse cópia do material para a PGR.
– Veio a liminar do STJ e aí eu cumpri. Mas quando veio a liminar, veio uma procuradora para pegar cópia do processo, eu falei: “Não, não pode levar”. Eu providenciei cópia em menos de 48 horas. O problema todo é que ela [Raquel Dodge] pediu muito em cima da saída dela [da PGR] – afirmou.
Dodge contou que só conseguiu os documentos quando mandou alguém procurar dentro dos Correios. Ramos rebateu.
– Eu mandei o tribunal preparar cópia do dia para a noite. Me virei, botei num malote e mandei para Brasília. A doutora Márcia veio depois perguntar onde estava, eu falei que já havia mandado. Ela foi lá e interceptou nos Correios o processo – disse.
SOBRE O CRIME
Os mandantes e a motivação do crime contra Marielle ainda não foram identificados.
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