Em sua visita ao Brasil na semana passada, a missão da Casa Branca liderada pelo conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, alertou o governo de Jair Bolsonaro sobre eventuais problemas logísticos que a empresa de telecomunicações chinesa Huawei teria caso participe da implantação da rede de telefonia móvel 5G no Brasil.
Em entrevista por teleconferência nesta segunda-feira a jornalistas brasileiros e argentinos, o diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional para o Hemisfério Ocidental, Juan González, que participou da missão a Brasília, mencionou que a Huwei pode sofrer uma eventual escassez de chips, com consequências para os consumidores brasileiros, segundo o Globo.
“Dissemos ao governo brasileiro que devem levar isso em consideração”, afirmou González, em uma referência indireta a medidas americanas que pretendem restringir a venda de componentes de chips e outros produtos de alta tecnologia a empresas chinesas.
Questionado sobre uma suposta negociação na qual os EUA teriam oferecido ao Brasil tornar-se um “parceiro global” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em troca da exclusão da Huawei do leilão do 5G, González negou qualquer tipo de oferecimento nesse sentido.
“Continuamos apoiando o Brasil para que se torne um parceiro na Otan”, disse González, segundo o qual não foi obtido, durante a visita, nenhum compromisso brasileiro sobre a Huawei.
Desde o governo de Donald Trump, os EUA pressionam o Brasil a excluir a gigante de telecomunicações chinesa do leilão, mas foi a primeira vez em que um funcionário do governo americano mencionou publicamente eventuais dificuldades logísticas da Huawei. No ano passado, ainda sob Trump, companhias chinesas produtoras de chips, como a SMIC, foram incluídas na chamada “lista suja” do governo americano.